O CNRT (Conselho Nacional para a Reconstrução do Timor-Leste) do primeiro-ministro Xanana Gusmão ganhou as eleições legislativas do país asiático realizadas no sábado (07/07), segundo os resultados provisórios anunciados neste domingo (08/07). O CNRT foi a legenda mais votada com 172.831 cédulas (36,66%), informou o STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral).
Agência Efe
Com este total de votos, o partido de Gusmão obteria 30 deputados, o que lhe daria a maioria simples no novo Parlamento de 65 cadeiras e lhe obrigaria a reeditar os pactos com os quais governa desde 2007, segundo o portal de notícias local Sapo.
A Fretilin (Frente de Timor-Leste Independente), de Mari Alkatiri, vencedor há cinco anos, ficou em segundo lugar com 147.786 votos (29,87%), o equivalente a 25 cadeiras. O Partido Democrata, do atual presidente do Parlamento, Fernando La Sama de Araújo e integrante da coalizão governante, desponta de novo como o partido-chave para formar o governo, após obter 48.581 votos (10,39%) e oito deputados.
As duas cadeiras restantes foram conquistadas pela Frente para a Mudança, a nova legenda do atual vice-primeiro-ministro, José Luis Guterres, que conseguiu 14.648 votos (3,11%). Nenhum dos outros 17 partidos que concorriam às eleições, incluindo outros quatro que estiveram no Parlamento da legislatura anterior, conseguiu representação ao não superar o mínimo de 3% de votos que a lei eleitoral timorense exige.
No total, dos 645.624 eleitores registrados, compareceram às urnas 482.792, o que representa uma abstenção em 25,22%, acrescentou o STAE.
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Prevê-se que nos próximos dias a comissão eleitoral anuncie os resultados definitivos das eleições, que segundo a Unmit (Missão Integrada das Nações Unidas para o Timor-Leste) se desenvolveram de forma pacífica. “Não houve incidentes, só um ou outro pequeno problema técnico e logístico. Em geral foi tudo muito bem e estamos muito satisfeitos”, disse à Agência Efe Carlos Araújo, do escritório de comunicação da Unmit.
A Unmit, que dispõe de um contingente de 1.300 soldados, deve pôr fim a seu mandato e se retirar no final deste ano, se após estas eleições o país continuar no caminho da estabilidade. A ONU colaborou na transição à independência da antiga colônia portuguesa e saiu em 2005, mas retornou um ano depois para ajudar as autoridades a restabelecer a ordem, porque o país se encaminhava rumo a uma guerra civil, devido às lutas internas pelo poder.
“Seja qual for o resultado final, as elites políticas do Timor, que frequentemente se enfrentam, deverão buscar pontos de encontro depois das eleições. Com a segunda saída da ONU, outra crise como a de 2006 não pode ser contemplada por nenhuma das partes”, disse Micahel Leach, especialista no Timor-Leste da universidade Swinburne, à imprensa australiana.
Estas eleições legislativas aconteceram três meses depois que o ex-guerrilheiro e ex-chefe das forças armadas, José María Vasconcelos, foi eleito Presidente do Timor-Leste, em substituição ao histórico político e nobel da paz, José Ramos Horta.
O Timor-Leste comemorou o décimo aniversário de sua independência no dia 20 de maio com 41% da população abaixo da linha da pobreza e com níveis alarmantes de desemprego entre a juventude, segundo dados das agências da ONU. Embora o país tenha nascido como uma das nações mais pobres do mundo, a economia cresce a um ritmo de dois dígitos e o Estado administra os benefícios da exploração das ricas reservas de petróleo e gás no mar do Timor.
A antiga colônia portuguesa, que foi ocupada pela Indonésia durante cerca de um quarto de século, declarou formalmente a independência no dia 20 de maio de 2002.