A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, celebrou nesta quarta-feira (29/03) a “vitória contundente” do país na reunião realizada ontem na OEA (Organização dos Estados Americanos), que terminou sem a invocação da Carta Democrática Interamericana contra o governo de Nicolás Maduro.
“Não foi aplicada ou ativada nenhuma Carta Democrática contra a Venezuela. No dia de ontem, as pretensões da oligarquia venezuelana, esses lacaios dos centros de poder norte-americanos, não foram amparadas, foram derrotadas”, afirmou a chanceler em entrevista coletiva.
A reunião “para considerar a situação na Venezuela” havia sido convocada pela OEA na semana passada. Desde meados de 2016, Luis Almagro, secretário-geral da organização, busca apoio de países-membros para sancionar o governo Maduro pelo que ele classifica como “crise institucional” na Venezuela, propondo a invocação da Carta Democrática e até a suspensão de Caracas da OEA. Esta última proposta foi rechaçada na última semana e novamente na reunião de ontem pela maioria dos países-membros da organização, inclusive os Estados Unidos.
Agência Efe
Delcy Rodríguez, chanceler da Venezuela, durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (29/03), em que celebrou 'vitória contundente' de Caracas em reunião da OEA
Rodríguez disse que a sessão de ontem na organização marcou “uma vitória para a diplomacia bolivariana de paz” e criticou a existência do que classificou como um “plano para impor chantagens” aos países do bloco. Segundo afirmaram fontes diplomáticas ao jornal espanhol El País, nos últimos dias o governo norte-americano tem pressionado países caribenhos a se unir ao grupo anti-Venezuela na OEA.
“Vimos dois congressistas dos Estados Unidos ameaçarem grosseiramente países-membros desta organização, países irmãos (…). Repudiamos categoricamente as ameaças que desde o centro de poder norte-americano se dirigem aos países dignos de nossa região”, completou Rodríguez.
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A chanceler também agradeceu aos representantes de Haiti e El Salvador, que intervieram durante a sessão em defesa da Venezuela. Em comunicado, o governo salvadorenho afirmou na terça-feira que “todo acompanhamento que se possa brindar à Venezuela deve ser sobre a base do respeito a sua soberania e à não intromissão em seus assuntos internos”.
El Salvador também destacou os artigos 1 e 19 da Carta Constitutiva da organização, que estabelece que “nem a OEA nem seus Estados-membros têm faculdades ou direito de intervir nos assuntos internos ou externos de outro Estado”.
Um grupo de 20 países – dos 35 membros ativos da OEA – concordaram ontem em Washington, sede da organização, em divulgar uma declaração conjunta na qual pediram que a OEA elabore um roteiro para “apoiar o funcionamento da democracia e o respeito ao estado de direito” na Venezuela.
O texto tem três pontos e não inclui as exigências de “fixar um calendário eleitoral”, “libertar presos políticos” e “respeitar as decisões do parlamento da Venezuela” que constavam na declaração conjunta de 14 países da OEA divulgada na última quinta-feira (23/03).
Esse documento é a base para uma resolução que está sendo preparada na OEA para ser apresentada nos próximos dias. O documento estabelecerá o mecanismo com o qual a OEA fará o acompanhamento da situação na Venezuela, disse o embaixador mexicano no órgão, Luis Alfonso de Alba, ao término da reunião.
*Com Agência Efe