Sublinhando a importância da integração Sul-Sul e da cooperação entre o continente africano e países como Brasil, Argentina e Venezuela, o presidente da Líbia, Muamar Kadhafi, inaugurou o 13º encontro dos países da União Africana na cidade de Sirt, Líbia, ao lado de mais de 40 chefes de Estado africanos. Luiz Inácio Lula da Silva é convidado de honra.
Prenúncio da reunião entre líderes da América Latina e da África que acontecerá em setembro, em Caracas, o encontro teve como enfoque o desenvolvimento econômico, de mercados e políticas que criem uma ponte sólida entre as regiões.
Lula afirmou que o esforço deve ser como uma “revolução verde”, com incentivo para a agricultura familiar e comunitária. Por “revolução verde”, entende-se a produção do biodiesel, a criação de redes entre camponeses e o desenvolvimento de um mercado mais amplo, que possa competir com os mercados mundiais.
Ibrahim Mayaki, presidente da Nepad (Nova Parceria para a África), apóia a cooperação comercial com países como o Brasil. “Sobretudo na produção do biodiesel, proposta de Lula, que pode se tornar um fator-chave para incrementar a produção agrícola na África. É um desgaste muito grande comprar petróleo, portanto, pensar na experiência do Brasil e nas energias alternativas é interessante. Não temos que observar somente, mas devemos imitar e aprender com os brasileiro”, afirmou ao Opera Mundi.
Cyrus W. Badio, porta-voz da presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, ressaltou, no entanto, que antes de pensar na agricultura para formas alternativas de combustível, é preciso levar em conta as necessidades básicas dos países, em áreas como a infra-estrutura, e estimular o crescimento da economia. “Se não temos estradas e pontes, não conseguiremos exportar o que produzimos”, explica.
“O Brasil é um país economicamente forte, uma economia emergente, e nos últimos anos o país incrementou de forma significativa o comércio com a África”, afirma Mayaki.
“Enxergamos no Brasil um parceiro com o qual podemos trocar investimentos e conhecimento. O momento é perfeito e a proposta de Lula de sustentar nosso setor agrícola é bem-vinda, é o meio mais eficaz para diminuir a pobreza rural. Setenta por cento da nossa população vive em áreas rurais e a ocupação principal é a agricultura. Dessa forma, ampliar o setor rural significa reduzir o processo de imigração e pode ajudar o processo de industrialização”, concluiu.
Sociedade civil organizada
Um elemento particular da cúpula foi a tímida presença da sociedade civil e de ONGs, que participaram com somente dois representantes: Oxfam e Human Righs Watch.
Reed Brody, porta-voz da HRW, chama a atenção para o fato de que a cúpula pode se posicionar longe da realidade dos africanos: “Se for levado em conta que nós, ONGs, estamos em pouco número, e que sequer estamos sendo autorizadas a participar dos encontros fechados dos presidentes e delegações, nos parece surreal e distante tudo o que se decide dentro das salas, comparando com o que acontece do lado de fora, com as pessoas de verdade”.
Amanhã (3) se dará a conclusão do encontro e a resolução final mencionará a União Africana, além de uma oportunidade de integração econômica e política, também uma área sem passaportes ou fronteira, com uma só moeda, e capaz de lidar com temas cruciais como as guerras.
NULL
NULL
NULL