Até o fim desta semana, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) deve avaliar uma recomendação da Secretaria-Geral da organização sobre o encerramento, em outubro próximo, da Minustah (Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti).
Sandra Honoré, chefe da missão, apresentou nesta terça-feira (11/04) ao Conselho de Segurança um relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre o tema. A proposta é que os capacetes azuis, como são conhecidos os soldados das forças de paz da organização, deixem o Haiti em 15 de outubro para dar lugar a uma nova forma de presença da ONU no país.
Segundo Honoré, a ordem constitucional foi retomada no Haiti, especialmente após a posse do presidente Jovenel Moïse, no dia 7 de fevereiro. Com isso, o processo de desenvolvimento socioeconômico haitiano deve se acelerar, disse a chefe da Minustah.
Honoré acredita ser o momento de “reformular a parceria entre a comunidade internacional, as Nações Unidas e o Haiti, com o objetivo de garantir progresso sustentável” no país.
Agência Efe
Sandra Honoré, chefe da Minustah, durante reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta terça-feira (11/04)
A futura participação da ONU no Haiti após o fim da Minustah deve ter como prioridades a assistência ao fortalecimento institucional, o respaldo à preparação da polícia e o monitoramento da situação dos direitos humanos, disse a chefe da missão.
Ela também pediu apoio global ao combate à epidemia de cólera no Haiti, que deixou mais de 9 mil mortos desde 2010 e pela qual a própria ONU se responsabilizou no ano passado. Em 2011, uma investigação do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos concluiu que forças de paz da ONU provenientes do Nepal, onde a cólera é epidêmica, provavelmente causaram a eclosão do surto da doença no Haiti.
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Os países no Conselho de Segurança manifestaram apoio à proposta. Representantes de Bolívia e Uruguai concordaram que é hora de os capacetes azuis saírem do Haiti e pediram apoio internacional continuado ao país para “consolidar a estabilidade política e superar os desafios humanitários”.
O representante do Haiti, por sua vez, disse que Porto Príncipe apoia “a visão de uma nova relação com a ONU”, mas insistiu na necessidade de uma transição responsável para “evitar um vácuo de segurança que coloque em perigo os avanços dos últimos anos” no país.
Se o término da Minustah for aprovado, o Conselho de Segurança deve criar uma pequena missão de paz para acompanhar, durante seis meses, a situação no país após a retirada das tropas da ONU.
Participação brasileira
Desde seu início, em 2004, a Minustah teve grande participação das Forças Armadas brasileiras. Ao longo destes 13 anos, o Brasil manteve o maior contribuinte de tropas da Missão para a Estabilização, segundo a ONU. De 2004 a fevereiro de 2010, o país manteve um contingente de 1.200 militares, com rotação semestral. E desde 2004 o comando militar de todas as tropas que compõem a Minustah, provenientes de 19 países, é exercido por generais brasileiros.
Após o terremoto, que atingiu o Haiti em janeiro de 2010, o Brasil passou a manter um contingente maior no país, formado por cerca de 2.200 soldados e oficiais. Desde o início da participação brasileira até hoje, mais de 13 mil militares brasileiros serviram no Haiti. Em agosto de 2016, havia 1.303 brasileiros na Minustah.
*Com Agência Brasil