Agência Efe
Cerca de 80 corpos foram achados em Aleppo, vítimas de tiros e torturas, mas responsáveis ainda não foram apontados
Após cerca de 80 corpos terem sido achados na cidade de Aleppo, o conflito na Síria chegou a “níveis de horror sem precedentes” e que está “destruindo o país pedaço por pedaço”, segundo o enviado especial da ONU e Liga Árabe, Lakhdar Brahimi.
O enviado pediu nesta terça-feira (29/01) que o CS (Conselho de Segurança) tome alguma medida imediatamente para impedir mais violência no país, uma vez que sua mediação não pode evoluir enquanto o grupo não levar o governo sírio e forças de oposição a um compromisso.
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A Comissão Geral da Revolução Síria afirmou em comunicado que a maioria dos 80 corpos apresentava sinais de tortura e tinha as mãos amarradas. Rebeldes sírios culparam o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, mas a mídia estatal disse que o grupo Jabhat al-Nusra era a responsável pelo “novo massacre”.
Doações
O alerta de Brahimi vem em tempo da conferência de doadores da ONU para a Síria, que começou nesta quarta-feira (30/01) no Kuwait com um apelo do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para conseguir US$ 1,5 bilhão de ajuda humanitária urgente para a Síria.
Agência Efe
Ban Ki-moon e representantes de mais de 60 países participam de conferência para arrecadar doações à Síria
Mesmo assim, o representante afirmou que “a ajuda humanitária isoladamente não pode resolver a crise, que não vai ser solucionada a menos que haja uma saída política” e pediu que todas as partes do conflito suspendessem a violência.
O emir do Kuait, xeque Sabah al Ahmed Al-Sabah, anunciou em seu discurso a doação de US$ 300 milhões. O governante kuaitiano pediu aos membros do CS para pôr fim ao sofrimento dos refugiados e retirantes sírios: “Temos que duplicar os esforços para oferecer mais ajuda e fundos” e o apoio à conferência será “um fator para aliviar o sofrimento dos sírios”.
Além disso, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita informaram que doariam US$ 300 milhões cada um para a Síria. Os EUA prometeram US$155 milhões nesta terça-feira.
O objetivo da conferência, à qual foram vários chefes de Estado como o rei Abdullah II da Jordânia, o presidente do Líbano, Michel Suleiman, e o tunisiano, Moncef Marzouki, é arrecadar o US$ 1,5 bilhão que a ONU calcula ser necessário para a proteção dos 700 mil refugiados registrados em países vizinhos à Síria e para financiar trabalhos humanitários para cerca de 4 milhões de sírios dentro de seu país.
Melissa Fleming, porta-voz para o UNHCR (sigla para Alto Comissariado para Refugiados da ONU), disse ao Guardian que “se não chegarmos aos US$1,5 bilhão ao final do dia, estamos confiantes de que chegaremos a isso muito em breve”. O modo como o dinheiro será alocado, porém, ainda será decidido.
“Acreditamos que boa parte virá para o UNCHR. Mas também sabemos que uma boa porção irá para os governos que estão hospedando refugiados, como Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque, e suas ONGs”. Cerca de 3 mil refugiados cruzam a fronteira para esses países, disse.
Divisões fora da Síria
Na opinião de Robert Ford, embaixador dos EUA na Síria, “a ONU exerce um papel vital em termos de alcançar pessoas em partes da Síria, mas não é suficiente. É necessário haver operações para oferecer ajuda de países vizinhos, assim como melhor acesso dentro do país”.
Não está claro se o último relatório de Brahimi convenceria a Rússia a apoiar ações da ONU para interromper as mortes sírias. Segundo ele, as tentativas de dar um fim ao conflito, que já dura quase dois anos e causou mais de 60 mil mortes, não progrediu nos últimos dois meses.
De acordo com diplomatas, Brahimi está cada vez mais frustrado com a inabilidade do CS em se unir a ele. Kofi Annan, que ocupava seu cargo antes de Brahimi entrar, mostrou frustração similar quando saiu do posto em agosto.
O Conselho de Segurança tem estado dividido quanto à ação na Síria: de um lado, EUA, Reino Unido, França e outros países ocidentais apoiando a oposição armada e resoluções que aumentassem sanções contra o país; de outro, Rússia e China vetando três resoluções no passado.
Enquanto isso, rebeldes dizem que capturaram uma base de inteligência do governo na cidade de Deir Az-Zor, ao leste do país. Opositores também afirmaram terem dominado vários postos de controle na cidade e destruído veículos militares. A Comissão Geral da Revolução Síria disse também que nove pessoas morreram, entre elas quatro menores e três mulheres, em bombardeios das forças do regime na cidade de Safira, na periferia de Aleppo.
* Com informações de EFE, The Guardian e Al Jazeera