O governo sudanês condenou hoje (5) a decisão tomada ontem pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de ordenar a prisão preventiva do presidente Omar Hassan Ahmad al-Bashir por crimes de guerra e contra a humanidade, e disse que ele continuará em suas funções, que exerce desde 1989.
O presidente saiu às ruas da capital Cartum, de bastão na mão e dançando ocasionalmente
ao ritmo de cantos patrióticos. Afirmou que líderes ocidentais, e não ele, devem ser levados aos tribunais
internacionais por crimes de guerra. Também rejeitou qualquer tentativa
de “colonizar” seu país.
“Os que deveriam ser levados à Justiça são aqueles que
exterminaram o povo do Vietnã, cometeram o genocídio de Hiroshima e
Nagasaki e assassinaram o povo do Iraque com todo o tipo de armas
proibidas”, discursou, perante milhares
de seguidores, numa referência direta aos Estados Unidos.
“O processo e a condenação do presidente em exercício são contrários a todas as leis internacionais e o governo sudanês não reconhece a decisão”, afirmou em Genebra o embaixador sudanês na ONU (Organização das Nações Unidas), John Ukec Lueth.
Em entrevista coletiva junto com o vice-ministro da Justiça, Abel Baiem Zumrawi, ele disse que o Sudão não faz parte do Estatuto de Roma, sobre o qual se baseia o funcionamento do TPI, e, portanto, não vai acatar a decisão.
Pesos e medidas
Além disso, ambos alegaram que a sentença do TPI está “motivada politicamente” e denunciaram “dois pesos e duas medidas” da comunidade internacional, ao acusar o Sudão, e não nações que “durante a Segunda Guerra Mundial cometeram mais horrores sistemáticos que qualquer outra nação”.
Perguntado se Bashir se arriscará a viajar ao exterior para participar de eventos como a próxima cúpula árabe em Doha, no Catar, o ministro ressaltou que o presidente sudanês “continuará cumprindo suas funções”.
“Somos conscientes de que alguns países podem cooperar com o TPI, mas os que não são signatários do Estatuto de Roma não estão obrigados a fazê-lo”, assinalou.
O Catar não é signatário. O Brasil é. Veja a lista.
Eles insistiram que não acatam a resolução 1593, adotada então pelo Conselho de Segurança da ONU para enviar o conflito de Darfur ao TPI, e que a prisão não deverá ser cumprida, “como muitas outras resoluções do Conselho de Segurança que foram ignoradas”.
Leia mais:
Tribunal de Haia emite ordem de prisão
Decisão é bom sinal, afirma advogada
NULL
NULL
NULL