Agência Efe
Manifestantes sul-sudaneses em protesto contra presença do vizinho na região de Heglig
Em visita oficial a Moçambique nesta sexta-feira (20/04), o ministro dos Negócios Estrangeiros do Sudão, Ali Kirt, pediu ao presidente Armando Guebuza que ajude a intermediar os conflitos com o vizinho Sudão do Sul, país que conquistou sua independência no ano passado, após anos de guerra civil. O Sudão acusa as forças sul-sudanesas de invadirem Heglig, uma das maiores regiões de extração de petróleo do país.
Mesmo sem guerra declarada, há tiroteios e agressões constantes na fronteira e a tensão entra em nova escalada a partir da ocupação de Heglig, na semana passada. Além disso, o Norte afirma que o governo do Sul tem dado abrigo a terroristas da região de Darfur em lugar de prendê-los e julgá-los conforme prevê o acordo de independência.
“Agora, o Sudão do Sul ocupou militarmente uma área importante, cuja tutela pelo Sudão nunca esteve em disputa. Este incidente aconteceu e estou aqui para informar ao presidente Guebuza e pedir o seu envolvimento direto na questão, conjuntamente com a União Africana, para persuadir Salva Kiir, presidente do Sudão do Sul, a recuar”, disse na ocasião.
O Sudão do Sul é considerado o país mais pobre do mundo. Apesar de ter enormes reservas de petróleo, ficou sem refinarias ou portos com sua emancipação. Com os constantes conflitos entre os dois países, o Sudão se nega a permitir que o Sul exporte utilizando suas saídas para o Oceano Índico. No mês passado, o presidente do Sudão chegou a cancelar uma visita que faria ao vizinho do Sul, alegando que a guerra entre os dois era iminente.
Ao fim da visita, o ministro sudanês disse que Moçambique é um país com o qual o Sudão mantém relações históricas e recentemente passou por um processo de pacificação bem sucedido, “daí que o seu envolvimento na pacificação da região pode constituir uma grande contribuição”.
Segundo Ali Kirt, o presidente moçambicano, Armando Guebuza, comprometeu-se a intervir no processo, “até porque entende que este é o único meio de colocar a África longe de tensões e confrontação e manter a paz, prosperidade e desenvolvimento”.
O Sul do Sudão tornou-se independente em de 9 de julho de 2011, após referendo negociado a partir do tratado de 1995, que encerra aquela que é considerada a mais longa guerra civil da história do continente africano. Conhecida como a 2ª Guerra Civil Sudanesa (1983-1995), o conflito levou à morte de dois milhões de pessoas e causou quatro milhões de refugiados.
Além das questões relacionadas ao petróleo, os conflitos são acentuados pelas diferenças étnicas e religiosas. Enquanto o sul é majoritariamente cristão e animista, o Sudão tem maioria muçulmana. O Brasil estabeleceu relações diplomáticas com o Sudão do Sul logo após a declaração de independência.
Por causa de outro conflito do país, na região de Darfur, situada no oeste do país, o presidente Omar Hassan Ahmad al Bashir é acusado de genocídio pelo Tribunal Penal Internacional, vinculado à ONU.
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