As autoridades egípcias manifestaram sua preocupação com a possibilidade de uma guerra civil, causada pela eclosão de manifestações de apoiadores e críticos do presidente Mohamed Mursi dias antes do primeiro aniversário de sua tomada de posse.
Nesta sexta-feira (27/06), o instituto muçulmano Al-Azhar, uma das maiores instituições sunitas do mundo, publicou um comunicado dizendo que os egípcios têm de “estar alertas para não cairmos numa guerra civil”. Seis pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas ao longo da semana e hoje foram reportados ataques a sedes da Irmandade Muçulmana no Cairo.
Agência Efe
Um homem ensanguentado entra em ambulância no Egito. Confrontos em Alexandria deixaram dois mortos hoje
Os confrontos de hoje entre apoiadores da Irmandade Muçulmana, que defendem a legitimidade democrática de Mursi, e a oposição secular, que pede por sua saída imediata, deixaram dezenas de feridos e, em Alexandria, ao menos duas pessoas foram mortas, uma delas um jovem norte-americano que fazia imagens dos protestos. De acordo com a agência oficial egípcia Mena, ele foi apunhalado no peito por desconhecidos, mas fontes da Segurança do Egito apontaram que a causa da morte poderia ser o impacto de um projétil.
A violência, acentuada especialmente em Sharquia, na região norte do país, já dura cinco dias. Para hoje, os apoiadores de Mursi tinham planejado o início de uma série de comícios em comemoração do aniversário da posse, no domingo (30). Também no domingo, os opositores marcaram uma marcha de protesto contra o presidente, mas vários manifestantes começaram a se concentrar hoje mesmo na praça Tahrir, no Cairo, onde prometem ficar até o início da marcha.
Os ativistas de oposição dizem que 15 milhões de pessoas assinaram uma petição pedindo a saída de Mursi, enquanto seus apoiadores dizem que têm 11 milhões de assinaturas a favor de sua permanência. Muitos opositores esperam uma “segunda revolução” e têm esperança de que o Exército intervirá para tomar o poder. As acusações contra o presidente egípcio são, principalmente, de incompetência e autoritarismo.
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A Frente de Salvação Nacional, que une diversos grupos de opositores, exige a demissão do presidente e a realização de eleições antecipadas. “Estamos confiantes na adesão do povo egípcio às manifestações pacíficas em todas as praças e ruas do país”, disse, em comunicado oficial. A sua intenção é “corrigir o rumo e cumprir as aspirações da revolução de 25 de janeiro [de 2011]”, data em que começaram as manifestações que culminariam na queda do ex-presidente Hosni Mubarak.
Em pronunciamento televisivo na última quarta-feira (28), o presidente disse que uma sociedade dividida ameaçava paralisar a economia e prejudicar o progresso do país. Ele foi eleito em um processo classificado como justo e livre pelas instituições internacionais e assumiu a presidência em 30 de junho de 2012, após um período de governo militar.
Seu primeiro ano de governo foi marcado por polêmicas políticas, por contestações, insegurança e degradação das condições econômicas do Egito. Em seu pronunciamento, Mursi admitiu os erros cometidos, mas defendeu seu mandato e prometeu reformas radicais.