Atualizada às 16:48
James Comey, ex-diretor do FBI demitido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no começo de maio, prestou depoimento nesta quinta-feira (08/06) ao Comitê de Inteligência do Senado norte-americano em investigação sobre a suposta interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.
Questionado pelos senadores, Comey afirmou que Trump não pediu diretamente que ele interrompesse as investigações sobre a suposta ingerência do Kremlin nas eleições de 2016. No entanto, ele reafirmou que o presidente dos EUA disse esperar que ele “deixasse de lado” o caso sobre supostas ligações do ex-assessor de Segurança Nacional Michael Flynn com autoridades russas.
Ele disse acreditar ter sido demitido por causa da investigação sobre a suposta relação entre a equipe de Trump e o governo russo, segundo afirmado pelo próprio presidente, lembrou. O ex-diretor do FBI ressaltou não ter dúvidas de que o governo russo interferiu no pleito com o objetivo de ajudar Trump a vencer, tanto no ciberataque ao Comitê Nacional Democrata como em uma intrusão no sistema eleitoral.
“Os russos interferiram em nossas eleições, e essa é uma conclusão de toda a comunidade de inteligência [dos EUA]”, disse Comey, que ressaltou que não pode afirmar se essas ações foram coordenadas com a equipe de Trump. “Acredito que essa é uma pergunta que será respondida pela investigação.”
Agência Efe
O ex-diretor do FBI James Comey em depoimento ao Comitê de Inteligência do Senado dos EUA nesta quinta-feira (08/06)
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Ele também se recusou a afirmar que as ordens dadas a ele por Trump se tratam de obstrução à Justiça, apesar de considerá-las “perturbadoras e preocupantes”.
Comey deixou nas mãos do procurador especial para a investigação da possível interferência da Rússia nas eleições, Robert Mueller, determinar se Trump incorreu em alguma ilegalidade ao exigir “lealdade” do ex-diretor do FBI ou pedir que “deixasse de lado” a investigação sobre Michael Flynn.
“Não me cabe determinar se o presidente estava tentando obstruir a Justiça. Tenho certeza que Mueller está investigando a atitude do presidente nesse sentido”, disse Comey no depoimento.
O delito de obstrução à Justiça pode ser usado para abrir um processo de impeachment de Trump, algo que já é defendido por alguns congressistas e senadores da oposição democrata.
Trump não é 'mentiroso', diz Casa Branca
A porta-voz adjunta da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, rebateu as declarações de Comey durante audiência no Senado e afirmou que Trump “não é um mentiroso”.
Em declarações ao grupo de jornalistas que cobrem a Casa Branca, Sanders reiterou que o empresário republicano não mente, rebatendo as afirmações feitas por Comey de que o governo de Trump tentou difamá-lo e mentiu sobre os motivos da demissão.
“O governo escolheu me difamar e, de maneira muito mais grave, (difamar) o FBI, ao dizer que a organização estava afundada no caos e que seus funcionários tinham perdido a confiança no seu diretor. Puras e simples mentiras”, indicou o ex-diretor do FBI.
Presidente nunca tentou impedir investigação, diz advogado de Trump
Marc Kasowitz, advogado pessoal de Donald Trump, divulgou um comunicado em resposta às afirmações de Comey ao Senado nesta quinta-feira. Segundo ele, o depoimento do ex-diretor do FBI “deixa claro que o presidente nunca tentou impedir investigação sobre a tentativa de interferência russa na eleição de 2016”.
O advogado disse também que Trump “nunca pressionou Comey” em relação à investigação sobre Michael Flynn nem “pediu lealdade” ao ex-diretor do FBI.
Ele também criticou a admissão de Comey de que vazou informações para o jornal The New York Times sobre suas conversas com Trump, que ele classificou como uma tentativa deliberada de prejudicar o governo. “Deixaremos para as autoridades apropriadas determinarem se estes vazamentos devem ser investigados, assim como todos os outros que estão sendo investigados”, disse Kasowitz.
*Com Agência Efe