As Forças Armadas da Turquia bombardearam nesta quarta-feira (03/10) alvos na Síria em represália por um ataque lançado do território sírio que matou cinco pessoas em um povoado turco na fronteira entre os dois países, informou o governo de Ancara. Não há, até o momento, informações sobre mortos e feridos em razão do ataque turco.
“Nossas Forças Armadas, seguindo as regras internacionais de combate, bombardearam alvos na Síria em resposta ao abjeto ataque e após determinar por meio de radar de onde partiram os disparos”, afirmou por meio de um comunicado o escritório do primeiro-ministro, citado pela rede “CNNTurk”.
“No marco do direito internacional e das regras turcas de entrada ao combate, não podemos deixar sem resposta esta provocação do regime sírio”, acrescentou a nota.
A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) convocou uma reunião urgente de seus sócios para debater o ataque de bombas lançado pela Síria. De acordo com a aliança, a convocatório será realizada com base no artigo 4 de seu regimento, que estabelece a realização de consultas quando um Estado-membro vê sua integridade territorial, segurança ou independência política ameaçadas.
Três morteiros caíram mais cedo no povoado fronteiriço de Akçakale, na província turca de Sanliurfa, ao sul do país. Um deles matou cinco pessoas e deixou outras 13 feridas.
Segundo a agência Efe, tudo indica que o projétil foi disparado durante os combates que tropas regulares sírias e grupos rebeldes realizam há duas semanas pelo controle do posto fronteiriço de Tel Abyad.
Na sexta-feira, outra bomba já tinha atingido Akçakale, mas sem causar vítimas. A decisão turca de bombardear o território sírio foi anunciada após uma reunião entre o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, e o chefe das Forças Armadas.
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O vice-primeiro-ministro Bulent Arinç invocou, sem citá-lo, o Artigo Cinco do Tratado do Atlântico Norte, que obriga todos os países-membros a responderem quando um deles é agredido. “Isto exige uma represália segundo o direito internacional”, afirmou Arinç segundo o jornal “Hurriyet”.
“As disposições da Otan são muito claras e determinam que todos os países-membros têm a responsabilidade de responder quando um deles é agredido”, lembrou Arinç.
“Quando nossos cidadãos perdem a vida e nosso território é atacado, claro que protegeremos nossos direitos”, prometeu o vice-primeiro-ministro.
O artigo Cinco do Tratado da Organização do Tratado do Atlântico Norte prevê a defesa coletiva diante de um ataque contra um de seus membros.
A OTAN, que no ano passado atuou durante meses na Líbia, até agora tentou se manter distante do conflito sírio.
Em junho, a Turquia já ameaçou usar a força contra a Síria depois que as baterias antiaéreas do país árabe derrubaram um de seus caças-bombardeiros.
A Turquia acolhe, em treze acampamentos, 93.576 refugiados sírios, que fugiram de seu país devido ao conflito, segundo dados das Nações Unidas.
O chanceler turco telefonou para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para informá-lo da situação. Mais cedo, Ban havia, em comunicado, pedido ao regime sírio que respeitasse a integridade territorial dos seus vizinhos. “Ele [Ban] urge todas as partes a reduzir as tensões e criar um caminho rumo a uma resolução pacífica da crise síria”, afirmou.