O presidente Hugo Chávez anunciou nesta segunda-feira (27/08) a criação de um fundo especial no valor de 100 milhões de bolívares (pouco mais de 40 milhões de reais) para apoio às vítimas da explosão no CRP (Centro de Refino Paraguaná), na área de armazenamento da Refinaria Amuay. O anúncio foi feito na visita do presidente ao Hospital Dr. Rafael CallesSierra, no Estado Falcón, onde estão sendo atendidos muitos dos feridos na tragédia.
Desde o acidente, ocorrido na madrugada do último sábado (25), já são 41 mortos e 151 feridos, dos quais 33 continuam hospitalizados, segundo a última contagem. Alguns pacientes continuam em estado gravíssimo e há suspeita de desaparecidos.
O fundo servirá para acelerar os trabalhos de recuperação e substituição de casas destruídas pela explosão, assim como apoiar pequenos comerciantes cujos locais de trabalho foram afetados. “Tenho um levantamento de 500 casas afetadas, assim como um número de negócios e comércios. Decidimos criar um fundo especial para dar todo o apoio, o ressarcimento às vítimas, às viúvas e aos familiares dos trabalhadores que faleceram no acidente”, disse Chávez em entrevista coletiva.
O presidente também afirmou que já dispõe de 60 casas construídas e outras 137 estão em fase de finalização e prontas para serem ocupadas pelos afetados. Também será destinado outro local para a construção do 44º Destacamento da Guarda Nacional Bolivariana. Dos 41 mortos, pelo menos 18 eram soldados que faziam a proteção da refinaria.
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Todavia, dois enormes tanques continuam queimando petróleo e equipes de especialistas, bombeiros e voluntários usam jatos de água e espuma para controlá-las. O presidente da PDVSA (Petróleo da Venezuela), Rafael Ramirez, também admitiu nesta tarde a possibilidade de não conseguir apagar as chamas, restando manter isolados os tanques em chamas e esperar o consumo total do óleo cru dentro deles.
O presidente da PDVSA garantiu ainda que as exportações e a produção de combustíveis para consumo interno estão garantidas. “O complexo tem 608 tanques e nove deles foram afetados. Toda a nossa capacidade de exportação está mantida. Recordo que este é um complexo de refinarias e o incidente aconteceu apenas em Amuay”, disse Ramirez. Até ontem (26/08) também havia risco de outra explosão, mas apenas na área isolada.
Oposição
Na manhã desta segunda-feira (27), o candidato de oposição à Presidência, Henrique Capriles Radonski, exigiu investigação do caso. “Chamo nosso povo a fazer uma profunda reflexão sobre os acontecimentos que estão se passando em nossa Venezuela. Não é um show, não é um filme que segue por capítulos. Estamos falando não só da situação em Amuay, mas também do que ocorreu em Cumanacoa e do estado de nossas pontes e vias, que não se pode atribuir a eventos naturais”, atacou o oposicionista, referindo-se às enchentes ocorridas no município de Cumanacoa e à queda de uma ponte da cidade de Cúpira, no Estado de Miranda.
Também nesta manhã, Carlos Vecchio, porta-voz do Partido Voluntad Popular, ao qual Capriles é filiado, propôs a formação de uma Comissão da Verdade para investigar os fatos. “Com pessoas independentes, os deputados da Assembleia Nacional e uma comissão técnica que possa fazer uma análise do que se sucedeu”, disse. Vecchio apresentou uma análise realizada pelo partido de 2003 a 2012. Segundo ele, a Venezuela soma 117 mortos em acidentes na área de petróleo nestes oito anos. Também de acordo com o dirigente, os números foram tirados de dados oficiais.
Divulgação
Vecchio disse que Chávez está fazendo uma “chantagem” ao insistir que não se “politize” o tema. “É uma chantagem de que não se fale de nada. Falar dessa tragédia é buscar suas causas e seus responsáveis”, disse o dirigente, que chegou a pedir a saída do cargo do ministro da Energia e presidente da PDVSA, Rafael Ramirez.
Até o momento, Ramirez é o único ministro chavista garantido pelo presidente a continuar no governo, caso Chávez ganhe as eleições de 7 de outubro.