Atualizada às 13h36
Neste domingo (08/12), pela segunda vez no ano, os venezuelanos irão às urnas. Desta vez, para escolher prefeitos, vereadores e representantes indígenas. No pleito, o chavismo tenta manter a maioria das prefeituras conquistadas em 2008, quando venceu em 80% dos municípios do país, e retirar a liderança opositora de grandes centros urbanos.
Ao todo, os venezuelanos elegerão 337 prefeitos – 335 de municípios e 2 de distritos, mais de 2,4 mil vereadores, além de 69 representantes indígenas para municípios reconhecidos como circunscrições onde há população originária. Neste sábado, a presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Tibisay Lucena, afirmou que as eleições municipais serão “mais complicadas” que as presidenciais pela quantidade de cargos em disputa.
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Tanto o chavismo como a oposição realizaram frequentes chamados ao voto massivo para este, que será o primeiro pleito após a eleição presidencial de abril, na qual o presidente Nicolás Maduro triunfou por uma margem de 1,5% dos votos. Na quinta (05/12), os candidatos encerraram suas campanhas em todo o país. Desde sexta (06/12), está em vigor a Lei Seca e a proibição ao porte de armas, que se estende até o dia seguinte à votação.
Agência Efe
Simpatizante de Antonio Ledezma, prefeito da região metropolitana de Caracas e candidato à reeleição; área é uma das disputadas por chavistas
Embates
Entre as disputas consideradas mais emblemáticas está a travada na prefeitura metropolitana de Caracas – que engloba cinco municípios -, onde o atual prefeito Antonio Ledezma, histórico opositor ao governo, disputa com o ex-ministro de Comunicação de Chávez e Maduro, Ernesto Villegas.
Maracaibo, capital do estado petrolífero de Zulia, onde a prefeita de oposição Eveling Trejo compete com o apresentador da TV estatal Miguel Pérez Pirela, é outra das cobiçadas, por ser a segunda cidade do país em população. No município Libertador, bastião chavista e o maior de Caracas, Jorge Rodríguez, que mostra ampla vantagem contra o deputado Ismael García, deve se manter no comando.
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Atualmente nas mãos da oposição, Sucre, um dos municípios da região metropolitana de Caracas, localizado no estado de Miranda, governado pelo líder opositor Henrique Capriles, também é cobiçado. Barquisimeto e Valencia entram na lista de prefeituras consideradas importantes, assim como Maracay, atualmente administradas pelo chavismo.
Para as eleições municipais, o chavismo lançou mão de famosos, como Winston Vallenilla para competir com Gerardo Blyde, que deve conseguir a reeleição em Baruta, um dos municípios de Caracas considerados como bastião opositor. Em Sucre, o ex-jogador de baseball e cantor de reggaeton Antonio “El Potro” Álvarez, foi escolhido para disputar com o atual prefeito, Carlos Ocariz, do Primeiro Justiça, partido de Capriles.
Agência Efe
Ernesto Villegas (ao centro, de camiseta azul), é o candidato do chavismo à região metropolitana de Caracas
Para o politólogo Alberto Aranguibel, a decisão foi acertada, apesar da resistência inicial e críticas tanto da oposição como de setores chavistas. “Esses candidatos mostraram que podem impactar as consciências das comunidades em função da construção de projetos próprios”, disse ele a Opera Mundi.
Segundo Germán Campos, diretor do instituto de pesquisa Consultores 30.11, “El Potro” tem chance de vitória, em uma eleição apertada em Sucre, município que abriga Petare, a maior favela urbanizada da Venezuela, onde o partido opositor Primeiro Justiça iniciou seu trabalho de terreno e conta com uma base de apoio.
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“Ele [‘El Potro’] conseguiu mobilizar os setores D e E por um tema de identificação, vem de setores populares, é bem-sucedido como esportista e cantor. Mas, do ponto de vista estatístico, há um empate entre ele e o atual prefeito”, expressa, ressaltando, no entanto, que o município tem em média 40% de moradores de classe alta e média.