Há 44 dias longe do cargo, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, chegou na noite dessa terça-feira (11) ao Brasil pedindo que os governos norte-americano e de países da América Latina adotem medidas mais enérgicas contra o grupo que assumiu o poder depois de ter liderado um golpe de Estado.
Afirmando que sua detenção por militares, em 28 de junho, e posterior deposição do cargo é “um delito que afeta a todo o continente americano”, Zelaya pede sobretudo aos Estados Unidos – com que Honduras mantém cerca de “70% de suas atividades econômicas, culturais, militares e políticas” – que demonstrem seu repúdio ao governo de Roberto Micheletti de forma mais dura.
“Reconhecemos o esforço norte-americano, mas cremos que as ações foram demasiadamente tíbias, não sendo suficientes. Consideramos que o presidente [Barack] Obama pode tomar medidas mais enérgicas nos aspectos econômicos, comerciais, migratórios e mesmo em relação a diversos tratados econômicos que têm com Honduras”, afirmou Zelaya.
Ele veio ao Brasil a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o receberá na tarde de hoje (12), em Brasília. Diplomaticamente, o gesto do governo brasileiro demonstra o reconhecimento de Zelaya como o legítimo mandatário hondurenho. Ele foi recebido, em Brasília com cerimonial reservado aos chefes de governo.
Estratégia
“Meu encontro com o presidente Lula e com o [ministro das Relações Exteriores] chanceler Celso Amorim é precisamente para tratarmos de uma estratégia para que as medidas contra o regime golpista sejam mais enérgicas, tanto as medidas norte-americanas quanto as latino-americanas”, disse, logo após pousar na Base Aérea de Brasília, a bordo de um jato Falcon 50, de registro venezuelano.
Zelaya também agradeceu à “firmeza com que Lula e Amorim, além de movimentos sociais e setores da imprensa brasileira, condenaram o golpe de Estado em Honduras”, um delito que, para ele, deve ser considerado um crime contra a humanidade.
“O povo hondurenho completa hoje mais de 40 dias de resistência cívica pacífica. Ele foi duramente reprimido, há uma dúzia de assassinatos, mais de mil presos políticos em todo o país. Há tortura e a liberdade de imprensa foi suprimida. O povo sofreu primeiro com o golpe de Estado e agora com a instalação de uma ditadura”, comentou o hondurenho. “Não há, no âmbito internacional, legislação específica sobre golpes de Estado e o Brasil é um dos países dispostos a lutar pela tipificação de golpes de Estado como um delito de lesa-humanidade”, disse.
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