Em um sítio arqueológico chamado Gough’s Cave, no sudoeste da Inglaterra, pesquisadores do Museu de História Natural de Londres encontraram ossos humanos de 15 mil anos atrás que sugerem a prática de canibalismo na região.
Marcas de corte e impressões dentárias humanas gravadas nos ossos indicam que as extremidades de dedos dos pés e costelas foram roídas para se extrair o máximo de gordura e medula óssea.
Em um estudo publicado na última quarta-feira (09/08), a antropóloga do museu londrino, Silvia Bello, aponta para a possibilidade da prática canibal na região representar um costume funerário que combinava nutrição e ritual.
Uma evidência que sugere o caráter cultural da prática é a presença de uma série de sinais em zigue-zague gravados nos ossos, de acordo com Bello, deliberadamente. “A sequência de manipulações sugere que os sinais gravados são um fator proposital da prática canibal, implicando um comportamento complexo ritualístico funerário que nunca havia sido reconhecido no período Paleolítico”, diz o estudo.
Natural History Museum/Reprodução Facebook
Sinais em ziguezague podem representar caráter ritualístico da prática canibal
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Segundo a antropóloga, as marcas encontradas nos artefatos não são como sinais de corte de carne, mas sim evidências de uma serragem deliberada dos ossos para gravar marcas profundas e visíveis no material.
Bello ainda afirma que não existem indícios de que a falta de alimento foi um fator que levou a população local ao canibalismo, uma vez que os pesquisadores também encontraram muitos ossos de animais na escavação. Também não existem sinais de ferimentos nos ossos, o que para a especialista “sugere que essas pessoas morreram de causas naturais e em seguida foram comidas”.
As marcas gravadas em zigue-zague nos ossos são semelhantes a sinais encontrados em ossos de animais em outro sítio arqueológico na França, o que para os pesquisadores poderia representar uma prática comum na época.