Em 8 de abril de 1341, em Roma, o poeta e erudito Petrarca recebeu uma coroa de louros das mãos do senador Orso. A láurea post em sua fronte era o símbolo de Apolo, antiga divindade da poesia.
Vivendo perto de Avignon, Petrarca visitara Roma em 1334, onde foi seduzido pelas reminiscências da grandeza da Antiguidade. A Cidade Eterna real, no entanto, encontrava-se abandonada pelos papas em favor de Avignon, na França, e estava mergulhada na violência.
Os representantes das grandes famílias romanas, os Colonna, os Frangipani, os Orsini e os Conti, miravam-se do alto de suas respectivas fortalezas, instaladas nos monumentos da Roma Antiga, e estimulavam guerras nas ruas por meio de mercenários.
Petrarca tentou convencer o papa Bento XII a voltar a Roma e a restaurar seu esplendor. Antes que isso ocorresse, no entanto, ocorreu sua coroação como poeta. No 8 de abril, diante de numerosa assistência reunida no salão do Senado, sobre a colina do Capitólio, fez um discurso em latim e em seguida recebeu a coroa de louros que iria depositar na tumba do apóstolo Pedro.
Francesco Petracco, dito Petrarca, está na origem da Renascença e do Humanismo. Lançou também as bases do idioma italiano moderno. Nasceu em 20 de julho de 1304, em Arezzo, onde seu pai, um notário florentino, estava exilado por razões políticas.
Seguiu com a família para Avignon, onde o papa acabava de se instalar. Cursou a escola básica em Carpentras e, depois, por injunção do pai, estudou direito em Montpellier (França) e Bolonha.
Após a morte do pai, a poderosa família romana Colonna o orientou para a carreira eclesiástica, o que lhe daria certo conforto financeiro e lhe permitiu viajar e se dedicar aos estudos.
Petrarca fez voto de celibato, mas não chegou a ser autorizado a celebrar missa. Seu destino foi mudado numa Sexta-Feira Santa, 6 de abril de 1327. Na igreja Santa Clara de Avignon, foi seduzido pelo charme de uma jovem da alta sociedade local, Laure de Noves, de 20 anos, que havia casado dois anos antes com o marquês Hugo de Sade. Daria à luz 11 filhos no espaço de 20 anos, até sua morte em 1348, provavelmente em virtude da Grande Peste.
Petrarca lhe dedicou uma paixão platônica, que inspirou toda a sua poesia, sem jamais ter com ela cruzado nas ruas nem trocado qualquer palavra, segundo a tradição.
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Na origem da Renascença, o poeta fez um discurso em latim antes de receber a coroa que iria depositar na tumba do apóstolo Pedro
Ávido por viagens e apaixonado pela Antiguidade Clássica, Petrarca ficou conhecido pelos seus contemporâneos como um erudito. Amigo do escritor Giovanni Boccaccio, se enfurnou no estudo de textos antigos com vistas a conciliar o cristianismo e a herança antiga.
Em suas poesias, valorizou a língua vulgar. É um adepto do dolce stil nuovo, designação da nova poesia romântica da época. Esse estilo foi criado pela pena magistral de Dante Alighieri, um florentino, 40 anos mais velho que Petrarca.
366 sonetos e alguns outros poemas de Petrarca foram reagrupados sob o título de Canzoniere. Essa antologia está, ao lado da Divina Comédia de Dante, na origem da língua italiana moderna.
Petrarca passou a morar em 1337 em Vaucluse, sem deixar de viajar. Em busca de manuscritos antigos, deslocou para Renânia e Inglaterra. Foi acolhido nos principais cenáculos intelectuais e nas grandes famílias italianas.
Manteve também com a corte pontifical de Avignon ligações estreitas, que satisfaziam sua vaidade, mas também a maldizia, porque seu coração se inclinava para Roma: “Oh, Avignon, é assim que veneras Roma, tua soberana? Infeliz de ti se esse infortúnio começar a despertar!”
Petrarca faleceu em em 19 de julho de 1374, em sua casa de campo nas cercanias da cidade de Pádua.
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