O Alianza Pais, partido do candidato de Rafael Correa à Presidência do Equador, Lenín Moreno, divulgou uma nota oficial na noite desta terça-feira (21/02) em que diz considerar um ‘grave erro’ fazer ‘afirmações sobre uma tendência nos resultados eleitorais a partir de dados que não são definitivos’ e denunciou problemas em atas do exterior. O texto é uma reação à declaração do presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Juan Pablo Pozo, que disse haver ‘tendência irreversível’ de segundo turno entre Lenín e o opositor Guillermo Lasso.
“Para o Movimento Alianza Pais, cometeu-se um grave erro ao se gerar afirmações sobre uma tendência nos resultados eleitorais a partir de dados que não são definitivos e que tampouco passaram ainda por todo o devido processo, como são os escrutínios em todas as províncias e circunscrições, as ações administrativas ante o Conselho Nacional Eleitoral e os recursos ante ao Tribunal Contencioso Eleitoral”, diz o texto.
O partido diz que há problemas em atas do exterior que afetam diretamente o Alianza Pais. “Devemos sinalizar, como exemplo, inconsistências de digitação no exterior que se podem deduzir das atas que ajuntamos e que afetam o interesse do Movimento Alianza Pais, com assinalações de zero voto, quando a ata escaneada reflete uma realidade totalmente distinta. Quando estes erros forem corrigidos, o resultado variará, o que mostra que a informação atualmente publicada é provisória e não pode ser tratada como definitiva”, diz.
Antes da nota, o próprio Correa havia levantado suspeitas, no Twitter, sobre o processo de apuração. “Se alguém deveria falar de fraude eleitoral, deveria ser Alianza Pais. Todas as bocas de urna (4), exceto Cedatos, nos davam de 40,6% a 46% de votos. Incluindo a margem de erro da Cedatos, também superaríamos 40%. Encerrou-se [a apuração] em 18 províncias (100% apurados), mas, suspeitosamente, faltam Esmeraldas (80%), Guayas (80%), Los Ríos (98%), Manabí (89%), Morona (84%), Pichincha (95%). Exceto Morona, todas são províncias onde Alianza Pais ganha e até 'varre', entre elas as quatro províncias mais populosas do país. Causalidade ou 'mão leve' infiltrada no CNE? Recordem que esta classe de manipulação também aconteceu na consulta popular de 2011. Tanta violência para impedir que se contem os votos, por acaso sabem de algo que nós não? Nada está dito. Que se conte até o último voto e, se houver segundo turno, voltaremos a derrotá-los. Até a vitória, sempre!”
…último voto, y si hay segunda vuelta, los volveremos a derrotar.
¡Hasta la victoria siempre!— Rafael Correa (@MashiRafael) 21 de fevereiro de 2017
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Uma variação nos resultados pode dar a vitória a Lenín já no primeiro turno. No país, para se vencer a eleição no primeiro escrutínio, é preciso que o líder – no momento, o candidato do governo – tenha ou 50% mais um voto ou consiga 40% e mantenha uma diferença superior a 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado.
A apuração parcial, com 98,5% dos votos, mostra Lenín com 39,33% e Lasso com 28,19%. A diferença entre os dois é de 11,14 pontos percentuais, mas o primeiro colocado – Lenín – está a 0,67 ponto dos 40% necessários para vencer no primeiro turno.
Agência Efe
Em entrevista à imprensa, presidente do CNE, Juan Pablo Pozo (de preto), falou em tendência de segundo turno; Alianza Pais disse que é 'erro grave'
'Mesmas táticas'
Novamente pelo Twitter, Correa disse que a “direita perdedora” está tentando usar as “mesmas táticas para tratar de mitigar a acachapante derrota”. Ele pediu para que a população se prepare para a “campanha suja que já fizeram os de sempre” em caso de segundo turno. Segundo ele, quem deveria estar falando de fraude era a Alianza Pais.
…aprovechado por los perdedores para generar violencia y hablar de fraude.
¡El viejo país intentando resucitar!— Rafael Correa (@MashiRafael) 21 de fevereiro de 2017
“Com 10% dos votos, todos sabíamos quem eram os ganhadores do primeiro turno, mas ninguém sabia se a chapa vencedora chegaria ou não aos 40%. Por isso, não se proclamaram resultados com base em projeções, e se faz a contagem voto a voto, o que tem sido aproveitado pelos perdedores para gerar violência e falar de fraude. O velho país tentando ressuscitar!”, afirmou o presidente, no Twitter.
Desde domingo, manifestantes da oposição se concentram em frente ao CNE e simpatizantes de Lasso, segundo o jornal El Telégrafo, atacaram um edifício a duas quadras do órgão, por causa de um boato de que, no subsolo do edifício, estavam queimando cédulas eleitorais. No local, no entanto, só havia os carros dos moradores.