Amilcare Ponchielli, compositor italiano, morre em Milão em 16 de janeiro de 1886. Em dezembro do ano anterior, enquanto se encontrava em Piacenza para uma apresentação de La Gioconda, tendo sua mulher Teresina como protagonista, foi vítima de um ataque de broncopneumonia. Regressa imediatamente a Milão, mas a viagem de trem, em vagão não aquecido, agravou a doença.
Nascido em Paderno, província de Cremona, em 31 de agosto de 1834, Ponchielli recebeu as primeiras lições musicais de seu pai, organista e mestre-escola. Aos nove anos, antes mesmo da idade permitida, superou o difícil exame de ingresso no Conservatório Real de Milão. Consegue o diploma em 1854 com a nota máxima.
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Pouco depois da formatura é nomeado maestro substituto do Teatro Concordia de Cremona e em seguida torna-se organista da igreja de Santo Imério. Nessa época compõe sua primeira ópera graças à ajuda financeira do seleiro Bortolo Piatti.
Suas primeiras experiências teatrais – I Promessi Sposi (1856) extraída do romance de Alessandro Manzoni; La Savoiarda (1861) e Roderico, Re re de Goti (1863) – receberam uma acolhida apenas morna e Ponchielli decidiu aceitar o posto de diretor da banda cívica de Piacenza e de Cremona. Em 1865, mesmo com o primeiro lugar na graduação, perde a cadeira de contraponto do Conservatório de Milão para Franco Faccio.
Abre-se então para o compositor cremonense um período de incerteza e profundo amargor o que tolheu por um bom tempo sua inspiração criativa.
Todavia em 1872, uma nova versão de I Promessi Sposi, cujo libreto foi drasticamente revisto por Emilio Praga, consegue êxito estrondoso no Teatro Dal Verme de Milão, inaugurando uma frutífera relação profissional com a editora Ricordi, que lhe encomendou de imediato uma nova ópera: I Lituani. O trabalho avança lentamente e o autor, sempre cheio de dúvidas e reescrevendo cada passagem, pareceu querer retardar a conclusão, dedicando-se à composição do balé Le due gemelle e da peça cômica em um ato Il Parlatore Eterno. Finalmente, concluída a ópera I Lituani, foi encenada no Alla Scala, sob a direção de Faccio, alcançando um notável sucesso.
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Teve início então um período áureo na carreira de Ponchielli: casa-se com a cantora Teresina Brambilla, primeira intérprete da nova versão de I promessi sposi, transfere-se para Milão e se dedica com renovado entusiasmo a sua atividade criativa, não obstante seu caráter extremamente introvertido e inseguro o levasse seguidamente a hesitações e a fases de depressão.
Em 1876, estreia no Alla Scala a sua Gioconda, com libreto do célebre Arrigo Boito, assinado com o pseudônimo de Tobia Gorrio, ópera destinada a um retumbante sucesso, sobretudo graças à célebre Dança das Horas com uma bela ação coreográfica, desenvolvida no terceiro ato.
Junto à crescente fama como compositor, ocorrm dois reconhecimentos oficiais: a cátedra de composição no Conservatório de Milão, em que teve como alunos, entre outros talentos, Giacomo Puccini, Pietro Mascagni e Carlos Gomes; e a nomeação a Mestre-Capela da Basílica Santa Maria Maggiore em Bérgamo.
A atividade criadora de Ponchielli pareceu, num dado momento, ter chegado a um ponto crítico como atestam os muitos projetos inconclusos, como a ópera Olga e I Mori di Valenza. Pesava também a responsabilidade de encontra-se à frente da Itália musical, num momento em que o já ancião Giuseppe Verdi parecia ter exaurido seu fogo criativo.
Envolto nesse espíirito, nascem suas duas últimas obras operísticas: Il Figliuol Prodigo (1880) que teve sucesso em sua estreia no Alla Scala mas que foi retirado do repertório do teatro, e Marion Delorme (1885), acolhida favoravelmente pelo público, porém não pela crítica, e representada com nova versão no mesmo ano no Teatro Grande de Brescia.
Ponchielli participou o desafio em curso na Itália sobre o confronto com a ópera europeia propondo um gênero de melodrama baseado no canto, segundo o modelo verdiano, mas ao mesmo tempo capaz de metabolizar o influxo da música francesa e alemã, operística e instrumental.
A melodia apaixonada e a rica instrumentação orquestral contribuiram notavelmente ao desenvolvimento de um melodrama romântico, lançando as bases para o extraordinário sucesso de óperas da Jovem Escola de compositores como Puccini, Mascagni, Leocavallo, Giordano e Cilea.
Ignorado por quase vinte anos, depois do sucesso de sua última versão de Promessi sposi, e após ter sido guindado inesperadamente ao posto de um dos grandes compositores da Itália, Ponchielli foi rapidamente relegado à margem da história da música com o advento da ópera verista. Única ópera a permanecer no repertório dos grandes teatros é La Gioconda e isto graças ao alto conceito que o público tem por ela.
A reavaliação crítica, ainda discreta, de sua obra pôde ser percebida com a execução em forma de concerto em Montpellier, França de Marion Delorme, passo representativo em direção da redescoberta dos trabalhos de Ponchielli.
Também nessa data:
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