Fotomontagem/Divulgação
Para melhorar o trânsito, vote no semáforo! Acabe com as filas nos hospitais, vote na ambulância! Com o ônibus espacial, o país vai decolar! Parece brincadeira, mas esses poderiam ser os slogans de campanha de muitos candidatos nas eleições parlamentares do Egito, que começaram nesta segunda-feira (28/11).
Para facilitar a identificação dos milhares de políticos que concorrem ao Parlamento, as autoridades locais definiram um logotipo para cada candidato. Considerando que no mínimo um terço dos eleitores é analfabeto, a medida é crucial para evitar que cabos eleitorais usem de má-fé para angariar mais votos. O desenho aparece nos cartazes espalhados por todo o país e também na cédula de eleição.
“Eu voto no aspirador”, contou uma simpática senhora há dois dias. Imaginando que fosse um problema de tradução, insisti com a senhora e com o meu interprete. Mas ela continuou firme na decisão: “Sim, o 'aspirador'. Pelo menos a gente o conhece há muito tempo”.
Os logos designados para cada candidato foram aleatórios e, em muitos casos, beiram o ridículo. Neste momento há egípcios votando no trator, na garrafa d'água, no liquidificador, no tanque de guerra, entre outros.
Independentemente de quem ganhe – o guarda-chuva ou o piano, por exemplo – é visível a alegria dos egípcios por poderem ir às urnas com relativa tranquilidade depois dos recentes acontecimentos no país.
Eles acordaram cedo e antes que os colégios eleitorais abrissem, já havia filas, em muitos casos, literalmente quilométricas, para exercer o direito de voto nas primeiras eleições parlamentares após a queda de Hosni Mubarak.
Sandro Fernandes
Cartaz do “candidato da uva”; eleitores se guiam por logotipos para reconhecer políticos
Os debates que foram vistos nas últimas semanas por toda a cidade chegaram também ao dia da eleição e encontraram nas filas um terreno fértil. “Muita gente ainda está indecisa e como ainda temos pelo menos três horas aqui em pé, aproveitamos para conhecer melhor os candidatos”, declara uma eleitora da Irmandade Muçulmana. “Quem sabe até mudo de opinião”, admite.
Em alguns colégios eleitorais pela manhã, era clara a motivação e o desejo da população de votar. “Mesmo que os candidatos escolhidos não sejam os melhores, pelo menos agora temos o direito de errar, como em todo o mundo”, disse ao Opera Mundi um senhor de 73 anos, votando pela primeira vez.
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