O compositor Hector Berlioz morre em Paris em 8 de março de 1869, tendo sido enterrado no cemitério Montmartre, ao lado de suas duas esposas Harriett Smithson, falecida em 1854, e Marie Recio, falecida em 1862.
Este artista extraordinário, nascido na Côte-Saint-André em 11 de dezembro de 1803, não recebeu praticamente nenhum ensino musical durante toda a sua infância e adolescência. Apesar disso, seu pai dedicou-se a introduzi-lo à medicina.
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Hector Berlioz em pintura de Honoré Daumier
Ingressou no Conservatório de Paris em 1821, tendo por professores Lesueur e Reicha. Em setembro de 1827, por ocasião da representação de uma peça de Shakespeare no Teatro Odeon, ficou impressionado com a beleza da atriz Harriett Smithson, quem daria o primeiro impulso à sua inspiração a confirmar sua vocação.
No ano seguinte, abriu-se para a obra de Beethoven e depois, de Weber. Compõe então a abertura Francs-Juges (1828), bem avaliada pela crítica.
Em julho, um Prêmio de Roma viria coroar seus esforços. Compõe logo em seguida suas “Oito Cenas de Fausto” que seriam reconhecidas mais tarde em “Danação de Fausto”.
Laureado com o Prêmio Roma, viu-se obrigado a residir na Itália. Não obstante, multiplica suas viagens pela Europa. Na Rússia é calorosamente acolhido pelo público e pelos compositores da nova vaga.
De retorno a Paris, casa-se com Harriett e torna-se o cronista musical do Jornal de Debates. É publicada então a sinfonia concertante ‘Haroldo na Itália’ (1834), o Requiem (1837), cujo sucesso foi unânime, e a ópera ‘Benvenuto Cellini’ (1838) que resultou em fracasso. No ano seguinte, torna público a sinfonia dramática ‘Romeu e Julieta’, triunfalmente acolhida. Recebe na ocasião homenagem pública de Paganini que lhe fez doação de 20 mil francos.
Em 1840, para celebrar o décimo aniversário da Revolução de Julho, recebe um pedido para compor uma sinfonia fúnebre e triunfal. Vieram em seguida os anos de viagens (1842-1848), turnês prestigiosas através da Europa ao longo das quais recebe o beneplácito de Mendelssohn, Schumann, Wagner, Meyerbeer e Liszt.
Muito próximo do ‘Cenáculo Romântico’ e de Victor Hugo, Berllioz obtivera um triunfo precoce com a ‘Sinfonia Fantástica’ em 1830. A sinfonia foi símbolo do início do Romantismo na França. Era a primeira vez que um compositor expunha explicitamente uma experiência pessoal numa obra musical.
Todavia ficou profundamente afetado pela indiferença com que foi acolhida em 1846 a ‘Danação de Fausto’. “A França, do ponto de vista musical, é um país de cretinos e de canalhas. Seria preciso ser diabolicamente patrioteiro para não o reconhecer”, escreveu em 1848 numa carta a Joseph d'Ortigue.
O insucesso de ‘Danação de Fausto’ o obrigou a se endividar. Regente em Londres(1847-1848), regressa à França por ocasião da revolução. Para a eleição de Luis Napoleão compôs um Te Deum (1849). Um pouco mais tarde em 1854 surge ‘A Infância de Cristo’ trilogia sacra e a ópera cômica ‘Beatriz E Benedito’ (1862), intenso sucesso que durou pouco.
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O compositor em fotografia de Pierre Petit
Berlioz musicou também os poemas das ‘Noites de Verão' (1834-1841). Deixou também um importante trabalho teórico, o seu ‘Grande Tratado de Instrumentação e Orquestração Modernas’, publicado em 1843 e revisado em 1855.
A indiferença do público francês o perseguiu até depois de sua morte. Os poderes públicos, tão inclinados a povoar o Panthéon de glórias esquecidas, recusou-lhe a entrada por ocasião do bicentenário de seu nascimento em 2003.
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