O governo interino do Egito anunciou nesta quarta-feira (31/07) que tomará “todas as medidas necessárias” para por um fim aos acampamentos de islamitas partidários do presidente deposto Mohamed Mursi no Cairo. Segundo o Executivo do país, esses assentamentos representam “um perigo para a segurança nacional e a paz social”.
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Os islamitas têm estabelecido acampamentos pela capital do Egito desde a deposição de Mursi, no dia 03 de julho, apesar da oposição do novo governo, que há mais de uma semana ameaça acabar com essas atividades.
Agência Efe
Islamitas descansam perto de uma das principais áreas de protesto, os arredores da mesquita Rabaa al-Adawiya
Segundo a ministra da Informação egípcia, Dorreya Sharafedin, a decisão foi tomada com base na grande aprovação da população a medidas de combate ao “terrorismo e à violência”. Em comunicado lido por ela, as autoridades apontam que a continuação da “perigosa situação” causada por esses protestos é “algo inaceitável”.
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Os maiores assentamentos de protesto se localizam em uma praça perto da mesquita Rabaa al-Adawiya, onde os confrontos do último sábado (27) deixaram 70 mortos, e na Praça Nahda, próxima ao campus da Universidade do Cairo.
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O governo, liderado por Hazem el Beblaui, ressaltou, além disso, que “a violência e o terrorismo ameaçam derrubar a pátria”. Por isso, o Executivo assinalou que pediu ao Ministério do Interior para adotar as medidas necessárias para “cumprir com a Constituição e a lei”.
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De acordo com a Agência Efe, fontes de segurança revelaram ainda que a pretensão do governo era dissolver os acampamentos dos islamitas usando a força, mas que esses planos foram interrompidos por causa da visita da chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.
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Ashton deixou o Cairo ontem (30), depois de se reunir com as autoridades egípcias, com representantes da Irmandade Muçulmana e com o próprio Mursi, que, segundo ela, está “bem” e tem acesso a notícias. O ex-presidente está detido em um local secreto desde sua deposição.
Irmandade Muçulmana
Os partidários de Mursi já declararam que estão dispostos a manter seus acampamentos, apesar da pressão do governo. Ahmed Nashar, porta-voz da Coalizão Nacional para a Defesa da Legitimidade, grupo que engloba a Irmandade Muçulmana, disse que os islamitas “resistirão de modo pacífico” nas praças. Ele afirmou também que a decisão anunciada pelo Executivo é típica de um “Estado repressivo de um regime militar, policialesco e ditatorial”.
“Quando os protestos populares são de apoio ao governo, consideram que são pacíficos, mas quando são da oposição significa para eles um perigo para a segurança nacional”, denunciou.
Já Ahmed Subaya, porta-voz do PLJ (Partido Liberdade e Justiça), braço político da Irmandade, pediu à comunidade internacional que assuma “sua responsabilidade para impedir eventuais massacres de civis desarmados”.
Também hoje, a Procuradoria Geral do Egito decidiu que Mohammed Badia, líder da Irmandade Muçulmana contra quem já existe uma ordem de detenção, será julgado por incitar a morte de manifestantes em frente à sede do grupo no final de junho.
De acordo com a agência oficial Mena, outros dois dirigentes da Irmandade que já estão presos, Jairat al Shater e Mohammed Rashad Bayumi, serão julgados juntamente com Badia pela mesma acusação.
O procurador-geral, Hisham Barakat, aceitou hoje que os dirigentes sejam processados por existirem provas de que foram cúmplices do assassinato de manifestantes. Segundo as investigações da promotoria, Badia, Shater e Bayumi pagaram e forneceram armas a essas três pessoas para que assassinassem os manifestantes da oposição.