O governo britânico alertou neste sábado (10/08) médicos, professores e funcionários dos aeroportos do Reino Unido para identificar casos de jovens levados ao exterior durante as férias para casamentos forçados.
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Os dados sugerem que as férias de verão são as mais propícias para essa prática. A Unidade de Casamento Forçado do governo recebeu 400 denúncias entre os meses de junho e agosto do ano passado. Ao todo, foram 1485 casos registrados no último ano, em 60 países diferentes, sobretudo os asiáticos.
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Em 35% dos casos as vítimas eram menores, sendo que 13% tinham menos de 15 anos – a mais nova tinha dois anos e a mais velha, 71. Apenas 18% das pessoas forçadas a se casar eram do sexo masculino.
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Estimativas recentes sugerem que cerca de 5 mil pessoas do Reino Unido sejam forçadas a se casar todos os anos. Mais de um terço das pessoas afetadas tem menos de 16 anos. O governo está pedindo maior consciência do problema e lançando uma linha de cartões de informações para explicar às vítimas em potencial como podem obter ajuda.
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Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mark Simmonds, o governo está distribuindo folhetos intitulados “Casamento: a escolha é sua” para que pessoas forçadas a se casar saibam que “podem recorrer à nossa Unidade de Casamentos Forçados para ter apoio, estando em casa ou no exterior”.
Reprodução
Cartão lançado pelo governo britânico com informações sobre ajuda faz parte de campanha contra casamento forçado
O Partido Trabalhista, na oposição, considera que esta iniciativa é indispensável, só lamenta que não tenha chegado à rua mais cedo, ou seja, antes do início das férias escolares.
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Aneeta Prem, diretora de uma associação contra casamentos forçados, afirma que “é vital que os jovens que vão ao estrangeiro para participar de um casamento de família tenham consciência de que pode ser o seu e saibam quem contatar para ter ajuda se estiverem em perigo”.
A conselheira da cidade de Manchester, Sameem Ali, disse à BBC que pouco mudou desde que ela mesma foi forçada a se casar no Paquistão 30 anos atrás, quando tinha apenas 13 anos. Ela afirma que só soube que ia se casar uma semana antes da cerimônia. “Eu nunca tinha visto o homem antes. Eu estava no meio do nada e não sabia onde estava”, conta.
Sameem só pôde voltar ao Reino Unido cinco meses após o casamento, por estar grávida. Quando chegou ao país, ela diz que “nenhuma pergunta foi feita”, apesar de ser uma grávida de 14 anos. “Eu tive contato com médicos e hospitais, mas ninguém me perguntou nada”, afirmou.
Para a conselheira, cuja história foi tema do documentário Honour Me, de 2008, a conscientização deve começar nas escolas, com os professores falando sobre o assunto com os alunos. Sameem não acha que a criminalização do casamento forçado faria diferença dentro de sua comunidade. “Tudo será feito em segredo. Nenhuma criança quer colocar a mãe e o pai na cadeia e esse é o ponto de partida”, disse.