Atualizada às 21h35
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou nesta terça-feira (29/10) que “os candidatos da direita têm um plano para incendiar” o país na noite das eleições a prefeitos e vereadores, marcada para 8 de dezembro. Segundo Maduro, a oposição não reconhecerá os resultados. O primeiro objetivo dos opositores, de acordo com o presidente, seria promover um “fato que comova a sociedade venezuelana” para obrigar o governo a suspender as eleições.
Divulgação/Presidência da Venezuela
Presidente do Legislativo, Diosdado Cabello (dir.) fez duras críticas ao líder opositor Henrique Capriles
O governante garantiu, no entanto, que o pleito será realizado, mas “digo hoje, eles não vão reconhecer o resultado eleitoral”.
A oposição, por sua parte, também acusa o governo de querer adiar as eleições. “No dia 8 de dezembro o povo vai se expresar. (…) Sob que desculpa vão suspender as eleições? Por acaso vão dar um golpe de Estado?”, questionou hoje o opositor Henrique Capriles, em seu programa semanal “Venezuela Somos Todos”, transmitido pela internet.
Protestos
Diversas vias de acesso a Caracas foram fechadas na manhã desta terça por simpatizantes do chavismo. Lixo e pneus incendiados foram usados como barricadas para impedir o acesso à capital venezuelana, no dia em que uma concentração de funcionários do estado de Miranda, governado por Henrique Capriles, foi convocada para exigir ao Executivo a transferência de recursos para garantir o pagamento de décimo terceiro aos trabalhadores.
Cerca das 9h30 da manhã no horário local, quando diferentes entradas a Caracas estavam interditadas, o chanceler venezuelano e ex-candidato a governador do estado de Miranda, Elías Jaua, escreveu em seu Twitter que o oficialista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) estava contatando “toda sua direção social e política para direcionar pacificamente a situação e ajudar a desbloquear as vias”.
Divulgação/Governo de Miranda
Trabalhadores do estado de Miranda protestam por recursos; governo venezuelano critica administração de Capriles
De acordo com ele, incidentes foram registrados durante os protestos. “Comunidades de Miranda foram agredidas por grupos fascistas do governo e se produziram incidentes já controlados pela PNB [Polícia Nacional Bolivariana]”, publicou, acusando Capriles de “irresponsabilidade”. Posteriormemente, em entrevista à TV estatal VTV (Venezuelana de Televisão), Jaua disse que os protestos tiveram início devido a uma suspensão forçada de aulas em Miranda, para que os trabalhadores participassem do protesto.
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Mostrando fotos de classes estudantis e de barricadas durante seu programa semanal, transmitido pela internet, Capriles negou que as aulas no estado tenham sido suspensas e afirmou que “grupinhos oficialistas boicotaram e bloquearam” os acessos à capital venezuelana para impedir que os manifestantes chegassem à Praça Candelária, local da concentração no centro da cidade, onde chavistas, por sua vez, pediam sua renúncia.
O governador, que foi derrotado por Maduro na eleição presidencial de abril deste ano, desvinculou-se do protesto, afirmando que esta não está relacionada a partidos. “Esta mobilização de funcionários não é partidária, é uma reclamação justa que não tem a ver com partidos políticos. São trabalhadores que se queixam pelo que é deles”, expressou, em consonância com o discurso do representante do Sindicato Unitário de Empregados Públicos do estado, Alfredo Perdomo, que alegou que a reclamação não tem caráter político.
Os sindicalistas argumentam que “não têm culpa dos problemas que [representantes do Executivo do país] tenham com o governador Capriles”. “Utilizamos diferentes meios para chegar, porque hoje nosso compromisso é ser a voz de 37 mil trabalhadores que precisam do seu dinheiro”, afirmou Perdomo, em nota divulgada pelo governo de Miranda.
De acordo com a entidade, o teto orçamentário de 5,9 bilhões de bolívares estipulado para 2014 não é suficiente para pagar as dívidas do estado, calculadas em mais de 1,5 bilhão de bolívares, problema que teria sido gerado pela exclusão de Miranda do envio de créditos adicionais pelo Poder Executivo. Para o presidente do Legislativo e integrante do PSUV, Diosdado Cabello, o protesto desta terça “enviou uma mensagem clara” ao governador opositor “para que assuma e pague seus trabalhadores”.
“O assassino fascista Capriles suspendeu hoje as aulas e ordenou sua gente a protestar em Caracas, covardemente como sempre não aparece”, expressou Cabello na rede social Twitter, garantindo que o Executivo venezuelano repassou, em cinco anos, 20 bilhões à gestão de Miranda. O governador opositor alegou, em seu programa, que o estado de Miranda recebe cinco vezes menos que o município caraquenho libertador, cujo prefeito é chavista.
O vice-presidente Jorge Arreaza, por sua vez, esclareceu que um documento elaborado por professores de Miranda foi recebido pelo Executivo durante a concentração. “Foi explicado a eles o fluxo oportuno dos recursos deste governo”, escreveu, também pela rede social. “Foi demonstrada a eles a irresponsabilidade do governador ao não planejar, nem orçar, os supostos aumentos demagógicos que prometeu.”