A Flotilha da Liberdade, que pretendia levar mais de 5.500 toneladas de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, acusou neste sábado (27/04) as autoridades israelenses de terem influenciado Guiné-Bissau a retirar as bandeiras a dois navios, impedindo as embarcações de saírem de Istambul, na Turquia.
De acordo com a coligação, o Registro Internacional de Navios da Guiné-Bissau teria realizado uma inspeção surpresa antes mesmo das embarcações zarparem.
“O Registro Internacional de Navios da Guiné-Bissau, num movimento flagrantemente político, informou a coligação que tinha retirado a bandeira da Guiné-Bissau de dois navios da Flotilha da Liberdade, um dos quais é o nosso de carga que carregava mais de 5.000 toneladas de ajuda para salvar vidas”, relatou o grupo, em comunicado.
“Infelizmente, a Guiné-Bissau deixou-se cúmplice da fome deliberada de Israel, do cerco ilegal e do genocídio dos palestinos em Gaza”, lamentou a Flotilha da Liberdade.
À agência Associated Press, um dos organizadores e membro do comitê, Torstein Dahl, afirmou ser “óbvio” que houve uma pressão israelense para impedir a missão.
A Flotilha da Liberdade relatou que as autoridades do país da África Ocidental fizeram uma série de pedidos “extraordinários” de informações, incluindo destinos, escalas portuárias, manifesto de carga e datas e horários estimados de chegada, o que teria causado estranheza.
“Sem uma bandeira não podemos navegar. Mas isto não é o fim. Israel não pode e não vai esmagar a nossa determinação de romper o seu cerco ilegal e chegar ao povo de Gaza. O povo de Gaza e de toda a Palestina permanece firme sob as condições mais horríveis e inimagináveis. Retiramos força da sua incrível e inexplicável capacidade de manter a sua humanidade, dignidade e esperança quando o mundo não lhes deu qualquer razão para o fazer”, afirma a coligação.
Na sexta-feira (26/04), relatores das Nações Unidas haviam pedido uma passagem segura da flotilha.
“A Flotilha da Liberdade tem o direito de livre passagem em águas internacionais e Israel não deve interferir com a sua liberdade de navegação, há muito reconhecida pelo Direito internacional. À medida que a Flotilha da Liberdade se aproxima das águas territoriais palestinas ao largo de Gaza, é essencial que Israel respeite o Direito internacional, incluindo as recentes ordens da Corte Internacional de Justiça (CIJ) para garantir o acesso sem entraves à ajuda humanitária”, destacou a organização internacional.
(*) Com Middle East Eye