Um dia após consumado o golpe militar para “restabelecer a ordem e a normalidade” na Tailândia, o chefe do Exército, general Prayuth Chan-ocha, disse nesta sexta-feira (23/05) que antes de organizar eleições gerais o país precisa de uma reforma eleitoral. Em meio a centenas de prisões de líderes políticos e ativistas tailandeses, a junta militar que tomou o poder no país convocou dois ex-primeiros ministros afastados, Yingluck Shinawatra e Niwattamrong Boonsongpaisan, para uma reunião.
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Agência Efe
Segundo o Exército, que tomou poder para “restabelecer a ordem”, eleições não podem ser realizadas antes de reforma eleitoral
Após suspender a Constituição, proibir a realização de reuniões públicas, decretar toque de recolher, expandir a censura e ameaçar bloquear as redes sociais e perseguir internautas, a junta militar initimou 39 proeminentes figuras políticas para que comparecessem a uma reunião. Ainda são incertas as intenções do Exército, comandado por Chan-ocha que se autoproclamou hoje primeiro-ministro provisório e responsável pelo CNPO (Conselho Nacional para a Paz e a Ordem), nome oficial da junta militar golpista.
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“Já que as leis estipulam que o primeiro-ministro autoriza ações sob a lei, o líder do CNPO, ou os indivíduos designados por ele, assumirão por enquanto a autoridade”, disse o comunicado, segundo o jornal Bangkok Post. Prayuth, que há três dias declarou a lei marcial no país, assumiu ontem todos os poderes após considerar que as tentativas de um acordo entre o Executivo interino e os antigovernamentais fracassaram.
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Nas 16 horas seguintes ao golpe, a junta militar emitiu duas ordens e 19 anúncios através das emissoras de rádio e televisão do país, que suspenderam suas programações e só transmitem músicas patrióticas e boletins de notícias do Canal 5, de propriedade do Exército. Também pediu que os funcionários do alto escalão militar assumissem as funções dos ministros depostos e decretou o fechamento de todas as escolas até domingo.
Em um desses comunicados, o Exército convocou à ex-primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, e os 22 membros de seu clã familiar e partido político para que compareçam hoje diante das autoridades militares. Quem desobeceder a intimação do Exército poderá ser preso e processado, segundo informou a junta militar.
Prisões
Além de efetuar centenas de prisões, o Exército tailandês continua mantendo hoje sob custódia pelo menos dois membros do partido governamental Puea Thai. Segundo o jornal local The Nation, o secretário-geral do partido, Phutham Wechayachai, e seu porta-voz, Prompong Nopparit, continuam sob custódia dos militares, que, por outro lado, libertaram na manhã de hoje outros representantes do partido, incluindo membros do governo deposto.
Os cinco representantes do Partido Democrata, de oposição, que estavam na reunião, incluído o ex-primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, foram libertados horas antes, ao redor da meia-noite local, segundo o The Nation.
Ainda se desconhece a situação dos outros participantes do encontro que foram detidos, entre eles os líderes das manifestações, tanto pró-governo como contra o governo.
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Agência Efe
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O golpe militar põe fim a oito meses de manifestações antigovernamentais que deixaram 28 mortos e mais de 800 feridos. Este é o 12º golpe de Estado bem sucedido cometido pelos militares na Tailândia, de um total de 19 tentativas, desde a queda da monarquia absolutista em 1932.
O último golpe ocorreu em 2006, quando o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, irmão de Yingluck, foi deposto também em um contexto de grandes manifestações. Os golpistas de então revogaram a Constituição e redigiram outra, que foi aprovada em um referendo. Em seguida, realizaram eleições no final de 2007.
(*) Com informações da Agência Efe