A Turquia vai ajudar as tropas curdo-iraquianas a atravessar o território turco para chegar à cidade curdo-síria de Kobani, cercada pelo grupo extremista EI (Estado Islâmico), anunciou nesta segunda-feira (20/10) o ministro das Relações Exteriores, Mevul Cavusoglu.
“Não temos a mínima vontade que Kobani caia nas mãos do Estado Islâmico”, declarou o chanceler turco em entrevista coletiva. De acordo com Cavusoglu, há pelo menos sete grupos que lutam contra o EI em Kobani.
Efe
Cortina de fumaça após explosões na fronteira entre Turquia e Síria: combates com EI cada dia mais violentos
O anúncio vem em meio a uma mudança na política de Ancara, que até agora havia se recusado a permitir a passagem dos milicianos curdos por sua fronteira, que é o único corredor de entrada para Kobani.
No entanto, trata-se apenas de um auxílio às forças curdas “peshmerga”, vinculadas às autoridades da região autônoma do Curdistão no Iraque. Nesse sentido, a Turquia não deve autorizar que combatentes do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) – movimento separatista curdo que tem frágil relação com Ancara – viajem para lutar na Síria.
Nesta manhã, os Estados Unidos entregaram armas pela primeira vez aos combatentes de Kobani, com o intuito de ajudá-los a resistir ao avanço do EI. Washington disse que as armas haviam sido fornecidas por autoridades curdo-iraquianas.
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Nas últimas semanas, a Turquia tem sido pressionada para participar mais ativamente da coalizão internacional liderada pelos EUA, mas se recusa a enviar tropas e a ajudar as milícias curdas em terra. No domingo (19/10), o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que seu governo não daria apoio às milícias curdas em Kobani por considerá-las “terroristas”.
Dessa forma, o presidente turco deixou claro que seu governo não iria concordar com qualquer esforço por parte de Washington em fornecer ajuda e armar os grupos curdos na região de fronteira entre a Síria e a Turquia. “Os Estados Unidos, nosso amigo e aliado na Otan [aliança militar ocidental], estariam muito errados se esperassem de nós dizer 'sim' após anunciar abertamente apoio a uma organização terrorista. Ninguém pode esperar algo assim de nós; não podemos dizer ‘sim’ a algo assim”, afirmou Erdogan.
Efe
Na semana passada, curdos se mobilizam em funeral na Turquia e protestam contra falta de ação das autoridades turcas
Tais declarações e atitudes têm provocado manifestações violentas e curdos no sudeste da Turquia. Na semana passada, o líder interino do PKK anunciou que o processo de paz de dois anos com a Turquia efetivamente acabara, por causa da repressão do governo turco contra manifestantes curdos. Estes protestavam pelo que classificam como 'frustração' pela falta de ação da Turquia para impedir o avanço do Estado Islâmico em Kobani.
Analistas temem que as tensões aumentem entre o PKK e as autoridades turcas. Curdos e turcos têm um longo histórico de conflitos, que resultaram em uma guerra civil que matou mais de 40 mil pessoas em três décadas.