Atualizada às 18h08
Uma embarcação com pelo menos 300 imigrantes e outra com 150 pessoas afundaram nesta segunda-feira (20/04) no Mar Mediterrâneo. Os acidentes ocorrem dois dias após um pesqueiro naufragar no Canal da Sicília, na Itália, tornando-se a maior tragédia da região, com ao menos 700 mortos.
Em meio ao desastre humanitário no Mediterrâneo, a Comissão Europeia propôs nesta tarde um plano de ação em dez pontos, que inclui reforçar o controle e o resgate para responder à situação de crise migratória depois de uma série trágica de naufrágios com centenas de vítimas.
EFE
Resgate de barco com imigrantes sem documentação: mais de 1.500 morrerram desde dezembro de 2014
Em primeiro lugar, o Executivo do bloco europeu propõe aumentar os recursos financeiros e as operações de vigilância marítima no Mediterrâneo. Paralelamente, sugere também ampliar sua área de atuação para poder intervir em uma maior distância, sob o mandato da Agência de Controle de Fronteiras Exteriores da União Europeia (Frontex).
Além disso, será feito um esforço sistemático para capturar e destruir os navios utilizados pelos traficantes, o que significaria uma operação “civil e militar que tomaria como exemplo a operação Atlanta contra a pirataria”, explicou o comissário europeu de Imigração, Dimitris Avramopoulos, às agências de notícias internacionais.
No entanto, para a ONU, a diplomacia europeia deveria buscar uma “abordagem mais sofisticada, mais corajosa e menos insensível” sobre imigrantes, afirmou o chefe de direitos humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein, nesta segunda.
“A Europa está virando as costas para alguns dos imigrantes mais vulneráveis no mundo e arrisca tornar o Mediterrâneo em um grande cemitério”, disse Zeid, que classificou as ações europeias como “reações políticas míopes e de curto prazo que servem aos movimentos populistas xenófobos que envenenaram a opinião pública”.
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A reunião entre os ministros as Relações Exteriores da União Europeia já havia sido requisitada no fim de semana pelo o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi. “Estamos diante de uma grave crise humanitária que deve ser enfrentada como tal”, classificou o chefe de Governo nesta tarde.
“Devemos evitar que as pessoas sejam escravizadas. Temos uma responsabilidade na história”, afirmou Renzi, acrescentando que os traficantes de imigrantes e coiotes são atualmente os “senhores de escravos” de antigamente.
Na mesma linha, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, se comprometeu hoje a fazer “todo o possível para impedir mais mortes perante a porta de nossa casa, a Europa”, bem como a combater as máfias que traficam pessoas e que põem em perigo as vidas dos imigrantes no Mediterrâneo.
A rota da morte
O Mar Mediterrâneo é uma das principais portas de entrada para o continente europeu e também uma das mais perigosas. Diariamente, barcos com imigrantes sofrem naufrágios e acidentes, provocando a morte de dezenas de pessoas.
Há uma série de rotas para se percorrer pelo Mediterrâneo. Uma das mais conhecidas é no Norte da África, pelos enclaves espanhóis de Ceuta e Melila ou pelo Canal da Sicília e pela ilha de Lampedusa, na Itália. Outro caminho tradicional percorre fronteiras de países como Grécia, Turquia e Bulgária.
Na tentativa de chegar a um país mais desenvolvido, morrem pelo menos oito imigrantes por dia, de acordo com o relatório “Viagens letais” divulgado no fim de 2014 pela OIM (Organização Internacional de Migrações). A maior parte destes é proveniente da África e do Oriente Médio, com a Síria, Líbia e Eritréia.
Em 2014, duas a cada três mortes em rotas de migração registradas pela OIM ocorreram na região do Mediterrâneo, totalizando 3.279 mortos. Comparativamente, a segunda rota mais perigosa, o Golfo de Bengala, na Ásia, vitimou 540 migrantes. Até abril de 2015, ao menos 1.500 já morerram no trajeto.