Mobilizar os camponeses e organizá-los denunciando a fraude, a corrupção, a violência e o processo de recolonização do país em andamento no atual processo eleitoral: este é o principal objetivo da campanha do candidato do Kontrapepla (Mutirão de Trabalhadores e Camponeses pela Libertação do Haiti), Chavannes Jean-Baptiste, que disputa a eleição presidencial de outubro.
Wálmaro Paz/Opera Mundi
Chavannes Jean-Baptiste é líder da Via Campesina e disputa eleição presidencial de outubro
Ele anunciou no último final de semana, em uma reunião com cerca de 150 lideranças camponesas em Saint Marc, L’Artibonite, que sua campanha não será tradicional, não terá comícios e coisas do gênero, mas sim uma mobilização dos camponeses em torno do programa de autossustentabilidade, defesa da ecologia e contra a recolonização, processo que, segundo ele, está em marcha desde que os Estados Unidos, a OEA e a Minustah decidem o que é certo e errado no processo eleitoral.
Segundo Jean-Baptiste, mais importante do que o resultado das urnas, é a reorganização dos movimentos camponeses. A população camponesa no Haiti ainda é de 54% – pessoas que trabalham nas montanhas e no platô central sem nenhuma assistência do governo. Muitos deles caminham ao lado de burros e mulas cerca de 3 horas para chegarem com seus produtos aos maches (mercados), pontos de troca nos “kafous” (intersecções) haitianas. Jean-Baptiste, liderança continental da Via Campesina, já liderou a destruição de lavouras de milho transgênico da Monsanto.
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O líder camponês, embora antecipando uma derrota, deverá passar por quase todas as comunidades até o dia 23 de outubro, quando vai encerrar a campanha. Com poucos recursos, ele estima até 300 mil votos no pleito, o que abre chances de ele ir ao segundo turno. Essa foi a votação que o atual presidente, Michel Martelly, teve em 2010. Segundo o jornal local Le Nouvelliste, Jean-Baptiste é um dos oito candidatos que podem “surpreender”.
Anulação das eleições de 9 de agosto
Paralelamente à campanha presidencial, Jean-Baptiste lidera uma petição exigindo a anulação das eleições parlamentares de 9 de agosto, porque, segundo ele, teria havido fraudes na maioria dos centros de voto. Sete candidatos a senador do departamento de L’Artibonite subscrevem o documento.