O julgamento a portas fechadas de dois jornalistas turcos acusados de espionagem por supostamente revelar o envio de armas da Turquia à Síria foi iniciado nesta sexta-feira (01/04) em um tribunal de Istambul.
Can Dündar, diretor do jornal Cumhuriyet, e Erdem Gül, chefe do escritório da publicação em Ancara, são acusados por publicar em maio de 2015 imagens de um suposto carregamento de armas enviado em janeiro de 2014 à Síria sob proteção do serviço secreto turco, que o governo da Turquia declarou como “ajuda humanitária”.
Agência Efe
Can Dündar, diretor do jornal Cumhuriyet, e Erdem Gül, chefe do escritório da publicação em Ancara, chegam ao tribunal em Istambul
A promotoria turca pede que ambos sejam condenados à prisão perpétua por considerar que a reportagem constitui crime de espionagem, conspiração contra autoridade e colaboração com o terrorismo.
As acusações e o julgamento têm recebido críticas de organizações internacionais de direitos humanos e de liberdade de imprensa, que pedem a suspensão do processo e o fim da perseguição a jornalistas pelo governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
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A representante para a liberdade de imprensa da Organização pela Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Dunja Mijatović, declarou em comunicado que “a prisão de jornalistas por reportar questões de interesse público nunca é aceitável. Além disso, a responsabilidade de proteger segredos de Estado é do governo, não dos jornalistas”.
Em fevereiro, o tribunal constitucional do país ordenou a libertação dos dois jornalistas, que estavam em prisão preventiva, por considerar que seus direitos de liberdade de imprensa e expressão e à segurança pessoal haviam sido violados pelo Estado.
A primeira sessão do julgamento, que ocorreu no último dia 25 de março, foi interrompida quando os juízes quiseram prosseguir a portas fechadas após solicitação da promotoria, que afirmou que o processo revelaria segredos de Estado. A decisão foi condenada por organizações internacionais. Para Mijatović, julgamentos de jornalistas “não podem ser realizados a portas fechadas. A transparência deve ser garantida pelas autoridades e o direito do público à informação deve prevalecer”.
Hoje, os agentes de segurança só permitiram a entrada dos acusados, seus advogados e familiares direitos, deixando do lado de fora vários deputados da oposição.
*Com Agência Efe