A sexta-feira, dia da semana dedicado às orações pelos muçulmanos, será usada mais uma vez de forma simbólica por manifestantes no Egito como forma de protesto. Hoje (25/11) os egípcios dão um ultimato para a saída dos militares do poder, assim como pressionaram por seguidas semanas pela queda de Hosni Mubarak.
Os manifestantes também exigem que os responsáveis pelas mortes 41 pessoas – 36 delas no Cairo – durante os confrontos dos últimos dias sejam julgados. O Exército egípcio, no entanto, descartou a hipótese de entregar imediatamente o poder como exigem os milhares de manifestantes e somente emitiu um pedido de desculpas pelas mortes.
Efe (24/11/2011)
Há oito dias os manifestantes se reúnem na Praça Tahrir contra o governo da Junta Militar
“Sexta-feira é a última oportunidade: estabilidade ou caos”, afirma o jornal governamental Al-Ahram na primeira página. “Sexta-feira crucial”, afirma no mesmo tom o jornal Al-Ajbar, três dias antes do início das primeiras eleições legislativas organizadas depois da queda de Mubarak em 11 de fevereiro.
Ao menos dois partidos, os salafistas de Al Nour e o grupo da Gamaa Islamiya, anunciaram que vão participar da manifestação desta sexta, mas o principal movimento islamita, a Irmandade Muçulmana, não tomará parte. O braço político da Irmandade Muçulmana, o Partido Liberdade e Justiça, não vai participar para “não impor obstáculos ao processo eleitoral”, afirmou em comunicado.
Alguns meios de comunicação egípcios agitaram o fantasma da chamada “Batalha dos Camelos”, evocando o dia 2 de fevereiro, em que partidários de Mubarak entraram em Tahrir montados em camelos e cavalos para tentar acabar com o protesto. Apesar dos temores, durante a noite foi mantida a trégua entre as forças de segurança e os manifestantes, depois da mediação das Forças Armadas e de clérigos muçulmanos.
Diante da previsão de possíveis confrontos, a Junta Militar pediu na quinta-feira ao povo egípcio em seu último comunicado “união e controle para evitar que o país entre em um estado de caos”.
Velho conhecido
O presidente da Junta Militar egípcia, o marechal Hussein Tantawi, emitiu nesta sexta-feira um decreto pelo qual encarrega Kamal Ganzouri, ex-primeiro-ministro de 1996 a 1999, para formar um Governo de união nacional e concede a ele “todas as prerrogativas”, informou a TV estatal.
Ganzouri, de 78 anos, participou do governo de Mubarak e era um fiel aliado do ex-ditador. O civil Ganzouri, que tem como formação um PhD pelo Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, teve uma longa carreira como professor universitário e político, mas estava afastado de cargos públicos desde 1999.
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