O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, culpou o excesso de viagens pelo seu desempenho no primeiro debate das eleições de 2024 contra seu antecessor, Donald Trump.
“Não fui inteligente, decidi viajar pelo mundo duas vezes pouco antes do debate. Não ouvi minha equipe e quase dormi no palco”, disse o democrata durante um evento de arrecadação de fundos para sua campanha na Virgínia.
Com 81 anos, o mandatário viu aumentar os questionamentos sobre sua candidatura após ter se mostrado hesitante, confuso e até com dificuldades para falar no debate da semana passada contra Trump.
Em junho, o presidente viajou para a França para o 80º aniversário do Dia D, data que recorda o desembarque dos Aliados na Normandia na Segunda Guerra Mundial, e para a Itália, sede da cúpula do G7 em 2024.
No entanto, Biden voltou para Washington 11 dias antes do debate e passou quase uma semana se preparando no retiro de Camp David.
A discussão por um pedido de renúncia do atual presidente de sua candidatura para a Casa Branca nas eleições presidenciais dos Estados Unidos ganhou força na terça-feira (02/07) com declarações públicas de integrantes do partido Democrata.
A ex-presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos pelo partido, Nancy Pelosi, disse que considera “legítimo” questionar a aptidão do presidente para o cargo após seu desempenho no debate.
“Acho que é uma pergunta legítima de se fazer: ‘isso é um episódio ou uma condição?'”, disse Pelosi à rede MSNBC quando questionada sobre Biden, que tropeçou muitas vezes nas palavras e perdeu a linha de raciocínio – exacerbando os temores sobre sua idade e aptidão mental.
Ainda nesta terça, após a manifestação de Pelosi, Lloyd Doggett se tornou o primeiro parlamentar democrata a pedir publicamente a Biden que se retire da corrida pela Casa Branca.
“Reconhecendo que, ao contrário de Trump, o primeiro compromisso do presidente Biden sempre foi com o nosso país, e não consigo mesmo, tenho esperança de que ele tome a dolorosa e difícil decisão de se retirar. Eu respeitosamente peço a ele que faça isso”, disse em uma declaração.
Pesquisa
Uma pesquisa divulgada na terça-feira pela CNN aumentou ainda mais o pavor no campo democrata: 75% dos eleitores entrevistados acreditam que o partido teria mais chances em novembro com outro candidato.
Trump alcança 49% das intenções de voto a nível nacional, contra 43% de seu rival, uma diferença que não mudou desde a última pesquisa semelhante realizada em abril.
A vice-presidente Kamala Harris, embora não vença, teria uma posição melhor, com 45%, contra os 47% do ex-presidente republicano.
Outros possíveis candidatos democratas, alguns pouco conhecidos pelo público em geral, enfrentariam Trump com pontuações semelhantes às do atual presidente, apesar de sua falta de notoriedade, como o governador da Califórnia, Gavin Newsom, o secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer.
(*) Com Ansa e Brasil de Fato.