A China repudiou nesta terça-feira (23/04) as “acusações infundadas” feitas pelos Estados Unidos de que Pequim estaria apoiando a campanha militar da Rússia na guerra com a Ucrânia.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, considerou a postura norte-americana como “hipócrita”, uma vez que a própria Câmara dos Representantes dos Estados Unidos votou a favor de um projeto que destina US$ 60 bilhões em ajuda militar a Kiev.
“Os Estados Unidos apresentaram um projeto de lei de ajuda em grande escala para a Ucrânia, ao mesmo tempo em que fazem acusações infundadas contra o comércio normal entre a China e a Rússia”, criticou o representante chinês, acrescentando que se trata de uma “abordagem extremamente hipócrita e totalmente irresponsável, e a China se opõe firmemente a isso”.
De acordo com a imprensa local, Washington teme que o comércio com o país asiático fortaleça a indústria militar russa e forneça vantagens no conflito contra as forças ucranianas, sendo este o motivo pelo qual o governo norte-americano prepara sanções contra vários bancos chineses com o objetivo de pressionar o rompimento das relações com Moscou.
Wenbin reiterou a neutralidade de sua nação no conflito russo-ucraniano e lembrou que defende as negociações de paz. Segundo o porta-voz, a lei da China em suas relações com outros países, incluindo a Rússia, não pode ser impedida ou infringida aos interesses legítimos de seu país.
“A China não é criadora nem parte da crise da Ucrânia e nunca jogou petróleo nas chamas […] Não aceitaremos que os outros passem a boiada ou transfiram a culpa para nós”, concluiu Wenbin, deixando claro que Pequim implementa “consistentemente regulamentos sobre a exportação de itens de uso duplo”.
Vale lembrar que na quarta-feira (24/04), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, desembarca na China para atender a uma reunião com o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi.
Como o próprio chefe da diplomacia norte-americano recentemente antecipou durante uma coletiva de imprensa, Washington tratará sobre questões relacionadas aos conflitos no Oriente Médio, especialmente com relação à “preocupação” de possíveis consequências na exportação de equipamentos militares chineses para a Rússia.
Trata-se de uma visita oficial que ocorre dias após as duras declarações dadas por Blinken contra Pequim, durante o encontro de chanceleres do G7, em Capri, na Itália, na semana passada.
“Se a China pretende, por um lado, querer boas relações com a Europa e outros países, não pode, por outro lado, alimentar o que é a maior ameaça à segurança europeia desde o fim da Guerra Fria. E você não precisa apenas tirar isso de mim – isso é o que eu ouvi ao redor da mesa no G7”, afirmou Blinken, na ocasião.
(*) Com Telesur