A Venezuela reforçou nesta quarta-feira (10/03) um pedido feito à Organização das Nações Unidas (ONU) para que o órgão intervenha no Brasil a fim de conter a crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus.
Em carta destinada ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, datada do dia 6 de março, o chanceler venezuelano Jorge Arreaza fala em uma “situação perigosa que ameaça toda nossa América do Sul” causada pelo avanço da covid-19 no Brasil que, segundo ele, é “consequência da negligência reiterada e criminal” do presidente Jair Bolsonaro.
“Há quatro dias ratificamos ao Secretário-Geral da ONU aquilo que alertamos nove meses atrás: a organização deve intervir para que o governo do Brasil controle a tragédia e, assim, proteja todo o continente sul americano”, disse o chanceler, fazendo menção a outra carta enviada pela Venezuela em junho de 2020.
À época, o embaixador venezuelano da ONU, Samuel Moncada, afirmou que Bolsonaro “colocou, intencionalmente, o Brasil em uma catástrofe humanitária com mais de 20% dos contágios do continente e mais de 10% no mundo. É o segundo país, abaixo dos Estados Unidos, com maior número de mortes”.
Nesta missiva, do último dia 6, também assinada pelo embaixador Moncada, o Ministério das Relações Exteriores venezuelano alertou para dados da covid-19 no Brasil, obtidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS): “na semana entre 22 e 29 de fevereiro, o país registrou a maior quantidade de falecidos desde o início da pandemia: 8.070”.
#Brasil registra hoy un nuevo récord de fallecidos diarios por #Covid_19. Hace 4 dias le ratificamos al Sec General de la ONU lo que le alertamos 9 meses antes: la ONU debe intervenir para que el gobierno de Brasil asuma y controle la tragedia y así proteger a toda Suramérica pic.twitter.com/UoIsoE3uDJ
— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) March 10, 2021
CancilleriaVE/Twitter
Jorge Arreaza reiterou chamado a ONU para controlar variante brasileira do coronavírus
O venezuelano lembrou também que o Brasil é o país de maior extensão territorial e população da América do Sul, compartilha fronteira com nove países, “incluindo 2.200 quilômetros com a Venezuela”, afirmou que “os sistemas sanitários de mais da metade dos 26 estados estão no limite da capacidade” e que a variante brasileira da covid-19 é “altamente transmissível e potencialmente mais perigosa”.
“[O governo Bolsonaro] se tornou o principal obstáculo para salvar vidas no pior momento da pandemia, [pois] de modo insano se nega a estabelecer políticas de coordenação sanitária”, disse.
Alerta da OMS
No documento, Caracas destacou um trecho do pronunciamento feito pelo diretor da OMS, Tedros Adhanom, no dia anterior (05/03).
“A situação é muito, muito grave e estamos muito preocupados (…) Se o Brasil não levar a situação afetará todos os vizinhos e mais. (…) O governo brasileiro tem que tomar isso muito a sério “, disse Adhanom, e lembrou que não se trata apenas do Brasil, mas da América Latina em seu conjunto.
Na quarta-feira (10/03), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) também reiterou que o aumento brusco no número de mortes e infecções por covid-19 no Brasil é preocupante e serve de alerta para todo o mundo sobre a possibilidade de ressurgimento do coronavírus.
“Estamos preocupados com a situação no Brasil. Serve como um lembrete claro da ameaça do ressurgimento [da covid-19]: áreas antes atingidas com força ainda estão vulneráveis a infecções hoje”, afirmou a diretora da Opas, Carissa Etienne em coletiva de imprensa.
A Opas é uma agência de saúde pública ligada às Nações Unidas e que serve como escritório regional nas Américas para a Organização Mundial de Saúde (OMS).