São muitos os casos de pessoas que, durante esta pandemia, tiveram posturas negacionistas, de diferentes tipos: no começo, havia até quem duvidasse da existência do novo coronavírus. Depois, o relato passou a ser contra o isolamento social, contra as medidas de segurança (como o uso de máscaras), contra a vacina, ou mesmo promovendo medicamentos ineficazes como supostas curas milagrosas contra a doença.
Esta lista não tem como objetivo alimentar fazer ironias ou chacota a pessoas que, no fim das contas, também são vítimas da doença, mesmo que também tenham padecido por seus próprios erros. A ideia é promover uma reflexão: o caminho fácil seria taxá-los de ignorantes, mas, ao ler com atenção cada caso, descobre-se que muitos se arrependeram das suas crenças, e que outros foram influenciados pelo discurso de figuras públicas, incluindo chefes de Estado.
A lição trazida por eles é sobre não sermos capazes de enfrentar desafios coletivos, nem mesmo quando a humanidade está em jogo.
1. Anthony Ferrari Penza (Brasil)
Enfermeiro de um hospital na cidade de Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro. Seu caso chamou a atenção porque ele publicava vídeos nas redes sociais apresentando-se como médico e recomendando o uso de cloroquina e ivermectina para pacientes com covid-19. Em suas publicações, ele também afirmava que as pessoas não morriam por causa do coronavírus, mas que essa informação era colocada nos atestados de óbito para que os estados justificassem um maior pedido de verbas para a saúde junto ao governo federal. Faleceu aos 45 anos, em 18 de abril de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
2. Arolde de Oliveira (Brasil)
Senador eleito pelo PSD do Rio de Janeiro, pertencia à bancada evangélica e era fielmente alinhado com o governo de Jair Bolsonaro. Também era dono do grupo de mídia evangélica MK e tinha como clientes a ex-deputada Flordelis (PSD-RJ) e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Entre os meios pertencentes ao grupo, está o portal evangélico Pleno News, conhecido por suas notícias sensacionalistas e seu apoio ao governo, que inclui críticas ao isolamento social e à vacinação, além do uso do chamado kit covid. O próprio senador, em seus últimos meses, foi um crítico constante das medidas de distanciamento, e defendeu o uso da cloroquina como tratamento contra a covid-19. Faleceu aos 83 anos, em 21 de outubro de 2020. Leia mais sobre ele aqui.
3. Daniel Trujillo (Estados Unidos)
Xerife em um distrito periférico da cidade de Denver, no estado norte-americano do Colorado, Trujillo acreditava em teorias conspiratórias que questionavam a gravidade do novo coronavírus. Dizia que já havia sido contagiado e se curado, e que por isso ele não precisava tomar a vacina. “Tenho um sistema imunológico”, respondia quando lhe perguntavam. Também era conhecido por não usar máscaras e não atender reclamações de comerciantes que denunciavam pessoas que entravam em suas lojas sem respeitar os protocolos de saúde. Faleceu aos 33 anos, em 16 de maio de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
4. David Parker (Reino Unido)
Um dos casos mais emblemáticos, já que se trata do mais conhecido ativista antivacina do Reino Unido. Dono de clubes noturnos na região de North Yorkshire, no norte da Inglaterra, Parker era frequentador de canais e grupos de discussão conservadores que criticavam não só as medidas de distanciamento social, mas, sobretudo, os programas de vacinação. Dizia defender o direito das pessoas a não se vacinarem se não quisessem. Seus familiares emitiram um comunicado, logo após a sua morte, apelando aos seus seguidores nas redes sociais que se vacinassem, “para que não sofram o que nós estamos sofrendo agora”. Faleceu aos 56 anos, em 2 de agosto de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
5. Dick Farrel (Estados Unidos)
Famoso radialista da Flórida, era conhecido por suas ideias conservadoras, que o levaram, em tempos mais recentes, a ser um ferrenho apoiador de Donald Trump. Quando Biden assumiu o poder prometendo acelerar a campanha de vacinação, Farrel defendeu o “direito a escolher” e disse que as vacinas eram “veneno”. Seu diagnóstico mostrou que ele foi contagiado pela variante delta. Farrel, no entanto, havia garantido que tomaria a vacina caso se recuperasse. Faleceu aos 65 anos, em 7 de agosto de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
6. Dmitriy Stuzhuk (Ucrânia)
Era um dos mais importantes influencers fitness do seu país, gozava de ótima saúde, além de ser jovem. Também defendia ideologias de extrema direita, discursos anti-imigração e algumas teorias da conspiração, entre elas a de que “o coronavírus não existe (…) não passa de uma grande mentira para justificar o controle social”. Em sua última publicação nas redes sociais, ele fez um comovente mea culpa: “fiquei doente e entendi que devo alertar a todos os que me seguem: também sou dos que pensou que essa doença não existia, até que fui infectado. A covid-19 não é uma mentira, e não é uma doença passageira. É real! E é grave!”. Faleceu aos 33 anos, em 16 de outubro de 2020. Leia mais sobre ele aqui.
7. Família Gonçalves (Gales/Portugal)
Um dos casos mais comoventes é o de Francis Gonçalves, membro de uma família de portugueses que vivia no País de Gales. Francis ainda mora no Reino Unido e foi o único da família Gonçalves que tomou a vacina contra a covid-19. Sua mãe, Charmagne, seu pai, Basil, e seu irmão, Shaul, eram seguidores de grupos conservadores e anti-vacina, e preferiram não se imunizar, pois acreditavam que isso poderia gerar efeitos colaterais. No dia 14 de julho, Francis foi a Portugal visitar alguns parentes. Estando longe, recebeu as três notícias em apenas uma semana: Shaul faleceu aos 40 anos, em 17 de julho de 2021; Basil, aos 73 anos, em 20 de julho de 2021; e Charmagne veio a óbito aos 65 anos, em 24 de julho de 2021. Quando voltou a Gales, em 1º de agosto, Francis teve que enterrar toda a família. Dias depois, escreveu um relato nas redes sociais com um apelo emotivo contra os ativistas anti-vacina. Leia mais sobre a família aqui.
8. Gary Matthews (Reino Unido)
Artista plástico e seguidor de teorias conspiratórias, Gary era dos que achava que a pandemia era “uma mentira inventada pelas farmacêuticas”, segundo relatos de familiares. Durante o primeiro ano da pandemia, ele saía de casa sem máscara e não respeitava protocolos de saúde. Adoeceu no começo deste ano e passou sua última semana de vida em completo isolamento, sem falar com ninguém. O resultado do teste que confirmou o positivo para covid-19 foi revelado um dia antes da sua morte. Faleceu aos 46 anos, em 13 de janeiro de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
9. Gerald Glenn (Estados Unidos)
Foi um dos primeiros casos de vítima negacionista. Gerald Glenn era um pastor evangélico da cidade de Chesterfield, no estado norte-americano da Virgínia, que duvidava não da existência da pandemia, mas sim da sua gravidade. “Eu acredito firmemente que Deus é maior que esse vírus amedrontador”, dizia, para se colocar firmemente contra as medidas de confinamento, especialmente no que diz respeito a proibir a realização de missas. Tanto é assim que, em uma das suas últimas declarações públicas, ele assegurou que continuaria realizando cultos “a não ser que eu seja preso ou que vá para o hospital”. Dias depois da sua morte, a filha pediu que os fiéis da igreja “entendessem a gravidade e severidade da doença. Não é só sobre você, é sobre cada um ao redor de nós”. Gerald Glenn faleceu aos 66 anos, em 11 de abril de 2020. Leia mais sobre ele aqui.
10. Guido Céspedes (Brasil)
Médico da cidade de Sinop, no Estado do Mato Grosso, Céspedes não negava a pandemia, mas promovia o uso de medicamentos sem comprovação científica como supostas curas milagrosas contra a covid-19. Em julho de 2020, ele protocolou como invenção sua o chamado “kit covid”, contendo hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina e outros remédios. Também foi um dos primeiros a usar o termo “tratamento precoce” – assegurava que o kit covid tinha 100% de eficácia se o paciente começasse a tomar os medicamentos poucos dias após se contagiar, o que é mentira. Faleceu aos 46 anos, em 2 de setembro de 2020. Leia mais sobre ele aqui.
11. Hans Gaarder (Noruega)
Este influencer norueguês passou o primeiro ano da pandemia afirmando que a crise sanitária era uma “suposta pandemia”, e a descrevia como “um plano de dominação mundial lançado pela China comunista”. No começo deste ano, além de defender o boicote à vacinação, começou a organizar uma festa para pessoas não vacinadas, que terminou acontecendo nos dias 26 e 27 de março, em um casarão afastado do perímetro urbano de Oslo. A aglomeração produziu várias vítimas e Gaarder foi uma das primeiras. Sua família entregou seus computadores e celulares às autoridades norueguesas, para que, através deles, fosse possível rastrear outros participantes da festa e tentar conter um possível novo surto na capital do país. Gaarder faleceu aos 60 anos, no dia 6 de abril de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
12. John Eyers (Reino Unido)
Fisiculturista e praticante de alpinismo, dizia que não precisava tomar a vacina por se considerar uma pessoa saudável, e que “se contagiado só sofreria uma doença leve”, segundo afirmou sua irmã gêmea Jenny, em uma entrevista. Também em relatos à imprensa local, a irmã contou a última conversa que eles tiveram, na qual “ele me pediu desculpas e disse que se pudesse voltar no tempo seria para se vacinar”. Faleceu aos 42 anos, em 27 de julho de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
13. Landon Spradlin (Estados Unidos)
Pastor e músico evangélico, era também um fiel seguidor de Donald Trump, e considerava que a pandemia era resultado de uma “histeria em massa” alimentada pela mídia para atacar o então presidente. Quando adoeceu, admitiu que a covid-19 era uma “questão real”, mas acrescentou que “a mídia está alimentando o medo e fazendo mais mal do que bem”, e que sua fé o iria salvar; “enquanto eu andar sob a luz dessa lei, do espírito da vida, nenhum germe se ligará a mim”. Faleceu aos 66 anos, em 25 de março de 2020. Leia mais sobre ele aqui.
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No Brasil e em outros países do mundo, negacionistas adotaram diferentes posturas: houve até quem duvidasse da existência do novo coronavíru
14. Leslie Lawrenson (Reino Unido)
Advogado que vivia na região de Dorset, no sudoeste da Inglaterra, seu caso ficou conhecido no país porque, mesmo depois de ser diagnosticado com covid-19, ele continuou defendendo sua postura de não tomar a vacina e ainda lançou, em 24 de junho, uma espécie de vlog do seu processo de recuperação. No primeiro vídeo, disse que tinha apenas sintomas leves, que “não havia nada a temer” e que “o governo está aproveitando o medo para ameaçar com um novo lockdown que não tem razão de ser”. Seis dias depois, já internado, confessou à sua namorada que não ter se vacinado quando podia foi um “erro terrível”. Faleceu aos 58 anos, em 2 de julho de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
15. Levy Fidelix (Brasil)
O famoso “homem do aerotrem” foi um negacionista moderado. Seu grande sucesso na política foi ter sido o formulador da chapa vitoriosa em 2018, ao emplacar o general Hamilton Mourão, do seu partido, o PRTB, como vice de Jair Bolsonaro. Por sua proximidade com o presidente, decidiu não rebater suas posturas negacionistas mais radicais, mas promoveu sim o chamado “direito de escolha” das pessoas que não acreditavam na vacina. No caso das medidas de distanciamento social, Fidelix foi além: defendeu a volta dos estudantes às escolas, a necessidade de retomar cultos religiosos e advogou por uma abertura gradual do comércio. Faleceu aos 69 anos, em 23 de abril de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
16. Marco de Veglia (Itália)
Considerado o “guru do marketing” na Itália, com renome em toda a Europa e nos Estados Unidos (onde morava, em Miami), dizia que a covid-19 era “uma gripe que se podia tratar em casa”. Considerava tanto as vacinas como as máscaras de proteção como “inúteis”. Seu amigo, o também empresário italiano Stefano Versace, afirmou, dias depois da morte, que “é fácil apontar o dedo a um homem que optou por não se vacinar. O difícil é se perguntar o que pode ter levado uma pessoa inteligente, um profissional excelente, a terminar sendo vítima de um fluxo contínuo de fake news que o convidam a não proteger a sua saúde”. Marco faleceu aos 55 anos, em 27 de julho de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
17. Matthew Keenan (Reino Unido)
Talvez seja o caso mais comovente de arrependimento. Quando estava internado e em estado grave, este inglês, treinador de um time de futebol amador da cidade de Bradford, pediu a sua médica, a doutora Leanne Cheyne, que divulgasse nas redes sociais uma foto sua intubado, e que contasse sua história. Disse que queria servir de exemplo. “Ele era um crítico assumido da vacina até pegar covid. Queria voltar no tempo. Nossos pacientes mais graves não tomaram a vacina e têm menos de 40 anos. Matthew está lutando pela vida. Salvem as suas”, escreveu a pneumologista, usando a conta do seu paciente, em mensagem postada no dia 11 de julho. Keenan faleceu aos 34 anos, em 27 de julho de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
18. Olivia Guildry (Estados Unidos)
Era uma enfermeira de um hospital da cidade de Lafayette, no estado norte-americano da Louisiana, e dizia às pessoas que não tomassem a vacina porque não era segura, e que a campanha de vacinação no país era um “experimento social”. Em uma de suas últimas publicações nas redes sociais, escreveu que “esta vacina [da Pfizer] usa tecnologia de DNA recombinante e foi lançada mais rápido do que qualquer outra na história. Ela manipula o DNA até no menor nível molecular. Não a tome! Não é segura!”. Importante dizer: a vacina da Pfizer é de RNA mensageiro, não DNA, e nenhum código genético é alterado quando se toma a dose. Faleceu aos 23 anos, em 11 de julho de 2021. Leia mais sobre ela aqui.
19. Pepe Ruiz (Nicarágua)
Um dos jornalistas esportivos mais importantes da Nicarágua, José Francisco Ruiz era conhecido por seu humor machista e por seu apoio ao presidente Daniel Ortega. Durante a pandemia, seus comentários causaram polêmica. Em um programa de debate esportivo no Canal 6 do seu país, disse que “este vírus é marica, como os ‘puchitos’ (opositores ao governo). Quer ver como é de marica: ele morre com espumas de sabão”. Difundia teorias da conspiração sobre o novo coronavírus ter sido “criado para eliminar os velhos, porque eles gastam muito e são muitos. Esta guerra é contra os velhos. O vírus é para tirar os velhos do caminho”. Também defendia que a covid-19 tinha cura, tomando gargarejos de infusões de folhas de eucalipto com limão e sal três vezes por dia – dizia nas transmissões que um amigo se curou com esta fórmula. Faleceu aos 75 anos, no dia 24 de junho de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
20. Roci Mendonça (Brasil)
Vocalista do Boi Garantido, se dizia fiel eleitora de Jair Bolsonaro e também apoiadora do ex-presidente estadunidense Donald Trump. Sobre a pandemia, costumava chamar a doença de “gripezinha”, criticava o isolamento, se recusava a usar máscaras e dizia que “quem é de Jesus, nem gripado fica”. Se contagiou poucos dias antes de dar à luz ao primeiro filho, condição que talvez possa ter agravado a infecção, segundo os médicos – o bebê nasceu de forma prematura, mas saudável. Roci faleceu aos 39 anos, em 9 de janeiro de 2021. Leia mais sobre ela aqui.
21. Scott Apley (Estados Unidos)
Membro do Conselho Municipal de Dickinson, cidade no estado norte-americano do Texas, era um político do Partido Republicano, com discurso marcado pela retórica religiosa, anti-LGBTQI+ e que, nos últimos meses, costumava postar mensagens nas redes sociais zombando da pandemia e dos protocolos sanitários, como o uso de máscaras e o isolamento social. Também era crítico da campanha de vacinação, a qual considerava uma “jogada política” de Joe Biden. Sua última postagem nas redes sociais dizia que “em seis meses, passamos de ‘a vacina vai acabar com a pandemia’ para ‘você pode pegar covid mesmo vacinado’, para ‘você pode contagiar outros com covid mesmo vacinado’, para ‘você ainda pode morrer mesmo vacinado’, para ‘os não vacinados estão matando os vacinados’”. Faleceu aos 45 anos, em 4 de agosto de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
22. Sílvio Antônio Fávero (Brasil)
Deputado estadual do Mato Grosso pelo PSL e bolsonarista, era autor do projeto de lei que defendia a não obrigatoriedade da vacina contra a covid-19, apresentado também por ele no dia 2 de fevereiro deste ano. O texto do projeto dizia que “as campanhas de vacinação precisam respeitar o direito à vida e à liberdade (…) o direito fundamental à vida é colocado em risco com a implementação de uma política de vacinação compulsória”. Faleceu aos 54 anos, em 13 de março de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
23. Stanley Gusman (Brasil)
Apresentador da TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais, o jornalista negava a gravidade da pandemia e criticava apelos para evitar aglomerações, ao mesmo tempo em que apoiava o presidente Jair Bolsonaro, não só em suas medidas como em suas aparições públicas em Brasília, muitas vezes sem máscara. Também era famoso por seus comentários racistas – em julho de 2019, disse que “eu sei de muita coisa. Sei quem é o dono do Ibope, o nome do cara é Montenegro. Se ele fosse do bem tinha que se chamar Montebranco”. Em dezembro de 2020, quando o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, pediu às pessoas que não se reunissem parentes em festas de fim de ano, para evitar o contágio delas mesmas e de familiares mais velhos, Gusman retrucou: “Eu não concordo com o senhor, eu vou visitar meu pai, vou visitar minha mãe. Não vou matá-los. Acho um desrespeito o senhor falar isso de público”. Faleceu aos 49 anos, em 10 de janeiro de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
24. Stephen Harmon (Estados Unidos)
Fiel frequentador da igreja evangélica Hillsong, dizia que sua a fé o protegia mais que qualquer vacina e que por isso não se imunizou. “Confio mais na Bíblia que em Anthony Fauci”, era outro dos seus argumentos, um dos mais curtidos e compartilhados quando ele o publicou nas redes sociais – a referência é a um dos infectologistas mais conhecidos dos Estados Unidos. Também fazia comentários zombando dos ventiladores mecânicos, e, quando estava internado, se negou por vários dias a ser conectado a um deles, mas terminou cedendo. “Escolhi ser intubado, lutei contra isso o máximo que pude, mas infelizmente cheguei a um ponto crítico e por mais que odeie, prefiro que seja por vontade própria do que forçado por um procedimento de emergência. Não sei quando vou acordar, por favor, rezem”, explicou. Faleceu aos 34 anos, em 23 de julho de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
25. Stephen Karanja (Quênia)
Médico conceituado, mas famoso principalmente pelas polêmicas que protagonizou. Como presidente da Associação Católica de Médicos do Quênia, ele já havia liderado campanhas contra a lei do aborto, antivacinação de meninas contra o HPV e contrárias ao que chamava de “comportamentos sexuais irresponsáveis”. Durante a pandemia, defendeu o uso de máscara e a realização massiva de testes, como ação preventiva, e a medicação com hidroxicloroquina e ivermectina, como tratamento aos pacientes. Por acreditar que essas recomendações eram suficientes, afirmava que “a vacinação contra a covid-19 é totalmente desnecessária, e a insistência nessa suposta necessidade tem uma motivação suspeita”. Não se sabe ao certo a idade do doutor Karanja. Ele faleceu no dia 29 de abril de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
26. Tony Tenpenny (Estados Unidos)
Membro do Conselho Municipal de Nashville, cidade do estado norte-americano do Tennessee, não se considerava um político e usava suas redes sociais para questionar a pandemia de covid-19 e as medidas “políticas” para lidar com ela. Ele costumava chamar o CDC (Centro de Controle Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) de “asnos mentirosos”. Faleceu aos 57 anos, em 20 de setembro de 2020. Leia mais sobre ele aqui.
27. Vanderley Santiago (Brasil)
Pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada por seu irmão, Valdomiro Santiago. Não era exatamente um negacionista, mas criticava as medidas de distanciamento, especificamente por impedirem a realização de cultos. Valdomiro, por sua vez, promovia a venda de feijões mágicos, um produto que, segundo a promessa dos religiosos, curava a covid. A venda dos feijões mágicos foi interrompida (após o Ministério Público começar a investigar o caso) semanas antes de Vanderley se contagiar. O pastor faleceu aos 53 anos, em 28 de junho de 2021. Leia mais sobre ele aqui.
28. William Cardozo e Luz Yamile López (Colômbia)
Segundo Jonathan López, filho de Luz Yamile e trabalhador da saúde, ela não queria se vacinar porque “dizia que a vacina era uma mentira dos governos para injetar outra coisa, algo que serviria para controlar as pessoas”. Em entrevista para a imprensa colombiana, ele também contou que o ponto crucial do caso se sua mãe e de seu padrasto foi que ambos decidiram esconder da família quando tiveram exame positivo. “Nunca tive tempo de perguntar (as razões de não ter contado), só soubemos quando eles foram internados, no dia 27 (de maio)”. William Cardozo faleceu aos 54 anos, em 1º de junho de 2021. Luz Yamile faleceu aos 63 anos, em 16 de junho de 2021. Leia mais sobre eles aqui.