Os Estados Unidos ultrapassaram a lamentável barra de cem mil vítimas fatais do coronavírus, com base nos números publicados pela Universidade Johns Hopkins. O Brasil também faz parte dos tristes destaques da imprensa francesa desta quinta-feira (28/05), ao chegar a 25 mil mortos pela pandemia.
O número de vítimas fatais nos EUA– cem mil – pode ser ainda mais pesado, lembra o jornal Les Echos, uma vez que muitos estados norte-americanos não contabilizam pessoas que morrem em casa. “Poderíamos ter tido 10, 20 ou 25 vezes mais mortos se não tivéssemos agido como fizemos”, se defendeu o presidente Donald Trump. Os democratas pedem contas ao governo.
O jornal Libération cita a marcante primeira página do New York Times do final de semana, listando mil nomes de vítimas do coronavírus. Ou seja, um por cento das vítimas atualmente. Em menos de três meses, desde a primeira morte pela Covid-19 no país, no final de fevereiro, a média diária de mortos ultrapassa mil.
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Em números absolutos, os Estados Unidos estão na dianteira, responsável por um terço das mortes pelo vírus e quase 1,7 milhão de pessoas infectadas. Mas a porcentagem é mais baixa que em muitos países europeus, como Reino Unido, Bélgica, Itália, Espanha ou França, explica Libération. O jornal destaca ainda a medida norte-americana de impedir a entrada de viajantes vindos do Brasil, segundo pais mais atingido pela pandemia.
Cotton Puryear/Guarda Nacional dos EUA
Número de vítimas fatais em decorrência do coronavírus nos EUA pode ser ainda mais pesado
Áreas democratas mais atingidas
Outro dado interessante que Libération revela é que a pandemia se espalhou pelos Estados Unidos, mas com mais violência no litoral, em cidades grandes e na região central industrializada – todas áreas tradicionalmente democratas.
As regiões que votaram em Trump, em 2016, detém apenas 27% das infecções e 21% dos mortos. Na maioria dos estados que fornecem dados raciais, os afro-americanos têm a maior taxa de mortalidade da região.
Le Monde acrescenta a preocupação da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) em relação à velocidade de propagação da doença na América do Sul. O Brasil encabeça a lista, com 25 mil mortos, e quase 400 mil casos de contaminação. “Os bairros populares do Brasil, México e Argentina, onde pobreza se junta à promiscuidade, a situação é cada vez mais difícil para a população”, acrescenta o jornal Le Figaro.