A cidade de Guayaquil, a segunda maior do Equador, enfrenta um colapso no sistema funerário nesta pandemia do novo coronavírus. Isso porque as empresas e os serviços públicos que recolheriam e cuidariam dos enterros alegam estarem sobrecarregadas, e diversos cidadãos são obrigados a ficarem com os cadáveres em casa por dias.
Apesar de ter informado nesta quinta-feira (02/04) que haviam sido removidos cerca de 150 cadáveres em várias casas da região nos últimos três dias, o governo equatoriano admitiu falhas nos registros e recolhimentos de mortos.
Segundo o jornal equatoriano El Comercio, a Associação de Funerárias do Porto Principal (AFPP) admitiu que as empresas “estão sobrecarregadas”. O periódico ainda aponta que diversos corpos podem ser encontrados nas ruas, em hospitais e em casas esperando por uma ação das funerárias e das autoridades locais.
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Segundo dados oficiais, Guayaquil é a cidade do Equador mais atingida pela pandemia, tendo registrado 1.941 casos, cerca de 70% do total no país.
Nesta quarta-feria (01/04), o chefe da Força Tarefa Conjunta formada pelo governo para tratar da pandemia, Jorge Wated, afirmou que o número de mortes causadas pelo coronavírus na província de Guayas, da qual Guayaquil é capital, pode chegar até 3.500 nos próximos meses.
Até o momento, 63 mortes foram registradas na província. O Ministério da Saúde não divulgou os dados de mortes em Guayaquil.
Polícia Ecuador
Governo equatoriano admitiu falhas nos registros e recolhimentos de mortos
Relatos publicados pelo jornal El Comercio revelam as dificuldades dos moradores da região em conseguir um caixão e a retirada dos corpos, mesmo para pessoas que não tenham morrido em decorrência do coronavírus.
“Há casos em que os familiares permanecem com os cadáveres em casa por quatro dias. Já outros levam os corpos para as calçadas para evitar focos de infecção. Damaris Román, por exemplo, teve que visitar ao menos cinco funerárias para encontrar um caixão para seu pai, que morreu de um infarto no último sábado”, escreve o periódico.
Ainda de acordo com o jornal, o medo de contaminação dos agentes funerários e o despreparo das autoridades sanitárias locais e nacionais para lidar com a emergência podem explicar o colapso que a cidade enfrenta.
Merwin Terán, presidente da AFPP, contou ao periódico que, além de faltarem materiais para a fabricação de caixões como madeira, cola e tinta, os trabalhadores do setor se negam a trabalhar “por medo” de serem contaminados.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, o presidente do Equador, Lenín Moreno, que se recusou a abrir valas comuns para enterrar os mortos em Guayaquil, já decretou toque de recolher de 15 horas em todo o território nacional.
Segundo o mapa da Universidade John Hopinks, nos EUA, o Equador tem 3.163 casos confirmados e 120 mortes devido ao coronavírus.