Há tanques israelenses nos arredores da cidade de Gaza, adiantam as agências de notícias internacionais. Testemunhas oculares relatam veículos bloqueando a principal estrada que liga o norte ao sul do enclave palestino. O grupo islâmico Hamas diz manter a capacidade de resposta para dificultar a progressão do exército israelense em Gaza.
Passaram 48 horas desde que o exército lançou – depois de preparativos e de espera de várias semanas – uma operação militar na Faixa de Gaza. A intenção é a de “destruir” o grupo islâmico Hamas, como lembrou na sexta-feira (27/10),
pouco antes de ser lançada esta operação terrestre, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant.
Tanques israelenses entraram nesta segunda-feira (30/10) nos arredores da cidade de Gaza. Estes bloqueiam a estrada de Salahedine, que liga o norte ao sul da Faixa de Gaza, descrevem testemunhas à agência francesa AFP. “Eles cortaram a estrada Salahedine (que liga o norte ao sul) e estão atacando qualquer veículo que passe por lá”, acrescenta.
As forças israelenses não enviaram divisões inteiras para atacar o enclave, onde os combatentes do Hamas aguardam pelo exército. O grupo islâmico garante manter a capacidade de resposta para dificultar a progressão de Israel. Estima-se que o Hamas tenha cerca de 30 mil homens, reforçados por voluntários, e alguns milhares da Jihad Islâmica.
“Precisaríamos de um milagre para superar tudo isso”
Em Gaza, Rami, pai de três filhos, acredita que só um milagre poderia acabar com o desespero que sente: “pensam que Gaza é a maior prisão a céu aberto do mundo? Não. É a mais pequena prisão que existe por ser o local mais densamente povoado. O nosso território está agora reduzido, uma vez que o exército israelense vai ocupar o norte de Gaza. É a mesma população, mas com metade do espaço. Precisaríamos de um milagre para superar tudo isso”, conta à RFI.
Como muitos habitantes de Gaza, Rami diz ter escrito o número de telefone e os nomes no corpo dos filhos “para que possam ser identificados em caso de ataque”.
Twitter/State of Palestine – MFA
Casas destruídas pela invasão do Exército israelense na Faixa de Gaza
MSF: “ajuda humanitária não é suficiente”
O maior corredor de ajuda humanitária desde o início da guerra entre Israel e o Hamas chegou em Gaza este domingo (29/10). Ao todo 33 caminhões acessaram a única entrada na fronteira com o Egito. No entanto, as organizações internacionais de ajuda humanitária afirmam que não é suficiente.
Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), antes do início da guerra entre Israel e o Hamas, 300 a 500 caminhões entravam todos os dias em Gaza para ajudar a população. Desde dia 20, foram autorizados a entrar no enclave 118 caminhões. “Uma resposta inadequada às necessidades crescentes de Gaza”, afirma a MSF.
As Nações Unidas alertaram esta segunda-feira (30/10) que durante o fim de semana, Israel bombardeou os arredores de três hospitais de Gaza, incluindo o mais importante do enclave, Al-Shifa, onde estão milhares de pacientes e deslocados internos.
Mais de 600 alvos atacados na Faixa de Gaza
As Forças de Defesa de Israel afirmaram ainda que, nos últimos dias, mais de 600 alvos foram atacados na Faixa de Gaza. Entre os alvos atacados estão depósitos de armas, áreas de lançamento de mísseis, esconderijos e locais de preparação utilizados pelo Hamas.
O ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que o número de mortos ultrapassa os 8.000, sendo a maioria mulheres e crianças. À medida que os tanques e as forças israelenses prosseguem – o que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chamou de “segunda fase” da guerra desencadeada pelo ataque do 7 de outubro – o número de vítimas aumenta e já representa um número sem precedentes em décadas de violência entre Israel e a Palestina. Mais de 1.400 israelenses perderam a vida, principalmente durante o ataque de 7 de outubro.