O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro das Relações Exteriores Israel Katz decidiram neste domingo (18/02) “convocar imediatamente” o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, para expressar seu “repreensão” a declarações de Lula dadas durante uma coletiva de imprensa na Etiópia.
Durante coletiva de imprensa, o presidente brasileiro disse que as ações de Israel na Faixa de Gaza, contra os palestinos, “não existe em nenhum momento histórico”. E comparou os ataques com o Holocausto, quando “[Adolf] Hitler decidiu matar os judeus”.
Segundo o jornal israelense Times of Israel, de perfil o governo Netanyahu ficou “furioso” com a declaração do presidente Lula. A publicação afirmou que a convocatória era para uma “chamada de reprimenda”.
Israel tem tentado frear as críticas do governo brasileiro às ações militares em Gaza desde a escalada do conflito, em outubro de 2023. Lula classificou de terroristas as ações do Hamas do dia 7 de outubro e buscou negociar no Conselho de Segurança da ONU, presidido naquele mês pelo Brasil, uma resolução que impedisse a escalada do conflito.
A declaração de Lula contra o Hamas não foram suficientes para Israel. Em novembro, o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, reuniu-se com parlamentares de direita e ultradireita no Congresso junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro, num gesto hostil que o governo brasileiro procurou contemporizar.
De acordo com o Valor Econômico, o Itamaraty está monitorando a questão, aguardando a convocação do representante brasileiro em Israel. O jornal disse que a chancelaria do Brasil não vai se pronunciar sobre a manifestação do premiê Netanyahu.
Em casos de convocação de embaixadores, o gesto de resposta do país chamado a dar explicações é convocar, em seguida, o embaixador do outro país. Ou seja, o Brasil, pela linguagem diplomática, deve considerar a convocação do embaixador israelense no país.
Ricardo Stuckert / PR
Lula disse que as ações de Israel na Faixa de Gaza 'não existe em nenhum momento histórico'
Fala de Lula
O presidente brasileiro, ao fechar sua visita aos países africanos, falou aos jornalistas. Durante a coletiva, Lula analisou a situação da guerra de Israel contra o Hamas.
Para ele, o que está acontecendo na Faixa de Gaza é um conflito que não é “entre soldados”, porém sim entre “um exército altamente preparado e mulheres e crianças”.
Lula também citou a doação do Brasil à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa), falando dos países que suspenderam as verbas após Israel denunciar um suposto vínculo entre os funcionários do órgão com o Hamas.
“Eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual o tamanho do coração solidário dessa gente, que não está vendo que, na Faixa de Gaza, não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio”, disse o presidente.
(*) Com Ansa.