A Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL) publicou nesta segunda-feira (25/03) uma nota reconhecendo a importância da aprovação da resolução apresentada no Conselho de Segurança da ONU neste dia, mas apontou que ela segue distante do “problema real” a ser tratado para uma questão que perdura há 76 anos na Palestina. Para a entidade, é preciso de uma investigação mais profunda sobre o crime de genocídio cometido por Israel, assim como suas consequências na Faixa de Gaza.
A resolução da ONU recebeu 14 votos favoráveis e a abstenção dos Estados Unidos, o que possibilitou que o projeto avançasse e, assim, fosse aprovado um cessar-fogo “imediato e incondicional” durante o período sagrado do Ramadã no enclave, além de permitir a libertação de todos os reféns e a garantia ao acesso humanitário na região.
De acordo com a FEPAL, “a eficácia deste cessar-fogo exige atenção ao segundo momento neste genocídio, qual seja, a morte massiva em Gaza pela fome, previamente programada por EUA e ‘israel’”. Nesse sentido, o órgão ressalta o papel fundamental e atuante de organizações humanitárias como a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), Cruz Vermelha, Crescente Vermelho, Médicos Sem Fronteiras, entre outras.
“EUA e ‘israel’ não podem ter papel nenhum nesta atividade humanitária, visto serem os autores intelectuais e materiais do genocídio palestino, bem como os arquitetos para que prossiga pela fome e doenças’, reforça a FEPAL.
Por fim, o órgão indica alguns pontos “minimamente” necessários aos palestinos, como: o início das investigações do crime de genocídio contra o povo palestino; a retirada das tropas israelenses e o fim do bloqueio ao enclave; a reconstrução de Gaza com financiamento das indenizações dos Estados Unidos e do Estado de Israel; uma Conferência Internacional da qual resulte em um Estado Palestino Soberano; a libertação dos calabouços “israelenses” de todos os palestinos sequestrados desde 7 de outubro; e a aplicação de sanções, pela ONU a Israel, até que o regime de apartheid chegue à extinção.
Dessa forma, o documento da FEPAL reforça que a resolução aprovada nesta segunda-feira será apenas um “novo intervalo” para o “plano sionista” se a esses pontos não se forem dadas atenção.
Leia a nota na íntegra:
“Cessar-fogo sem apurar genocídio na Palestina será a vitória de novo padrão genocidário de “israel” e EUA para o mundo.
A anunciada resolução do Conselho de Segurança da ONU pelo cessar-fogo na Palestina, nesta manhã, com 14 votos favoráveis e a abstenção dos EUA, principal promotor do genocídio palestino, é importante, mas nem de longe é resolução do problema real e, menos ainda, um ponto final para a Questão Palestina, que se arrasta por 76 anos, desde quando iniciada a limpeza étnica que varreu o povo palestino, de que a atual matança e mero seguimento de genocídio programado e que nunca parou.
A eficácia deste cessar-fogo exige atenção ao segundo momento neste genocídio, qual seja, a morte massiva em Gaza pela fome, previamente programada por EUA e “israel”. Assim, é imperioso o imediato ingresso de toda a ajuda humanitária, até agora impedida por EUA e “israel”, e sua distribuição em toda a Faixa de Gaza pela ONU/UNRWA e por organizações idôneas, como Cruz Vermelha e Crescente Vermelho, Médicos Sem Fronteiras, outras organizações humanitárias presentes no terreno, dentre elas as palestinas, além das autoridades palestinas. EUA e “israel” não podem ter papel nenhum nesta atividade humanitária, visto serem os autores intelectuais e materiais do genocídio palestino, bem como os arquitetos para que rossiga pela fome e doenças.
Para além disso, são, ainda, minimamente necessários:
- Início imediato das investigações do crime de genocídio, que levem a Netanyahu e a todos os seus sócios genocidas, “israelenses” e demais;
- A imediata retirada das tropas invasoras e genocidas de “israel”;
- Fim do bloqueio à Faixa de Gaza;
- Organização de força internacional que garanta paz e segurança ao povo palestino, imponha a “israel” o cessar-fogo por meios bélicos, caso se recuse a cessar o genocídio;
- Início imediato da reconstrução de Gaza, que deve ser financiada com indenizações dos EUA e de “israel” ao povo palestino;
- Realização de Conferência Internacional para solução definitiva da Questão Palestina, coordenada pelas Nações Unidas e por países não implicados no genocídio palestino, para implementação de todas as resoluções da ONU aplicáveis à Palestina, incluída a do retorno dos refugiados palestinos, da qual resulte Estado Palestino Soberano, com Jerusalém sua capital;
- Libertação dos calabouços “israelenses” de todos os palestinos sequestrados desde 7 de outubro e os que nesta condição estavam desde décadas antes;
- Aprovação e aplicação de sanções, pela ONU, a “israel”, até que tenham fim seu regime de Apartheid supremacista judaico, os confiscos de terras palestinas para colonização por estrangeiros judeus e suas atividades de limpeza étnica na Palestina.
Sem que pelo menos isso esteja num horizonte imediato, o cessar-fogo será, novamente, apenas novo intervalo no genocídio continuado na Palestina e, de consequência, a licença a “israel” para que prossiga nos seus planos de solução final, de total extermínio do povo palestino, como é o plano sionista desde ao menos 1896.
Como já afirmamos nas matanças anteriores, o cessar-fogo não pode ser mero prelúdio entre uma matança e outra na Palestina. Portanto, além de um cessar-fogo já, é preciso o fim da ocupação já e a restauração de todos os direitos nacionais, civis e humanitários do povo palestino, que serão concretos apenas com o fim do regime sionista, tal qual tiveram fim seus congêneres, o nazismo na Europa e o Apartheid na África do Sul.
Se a Comunidade Internacional limitar-se ao alívio trazido por mais um cessar-fogo na Palestina, EUA e “israel” sairão vitoriosos e os genocídios serão a regra na construção do almejado totalitarismo global, o verdadeiro objetivo do imperialismo estadunidense e de seu laboratório sionista, ora em teste televisionado em Gaza.
Palestina Livre do genocídio a partir do Brasil, 25 de março de 2024, 76º ano da Nakba.”