O governo de Israel emitiu um comunicado, nesta terça-feira (26/03), anunciando a convocação de sua equipe de negociadores do Catar e deixando de lado as negociações de paz no território palestino. A delegação israelense havia chegado em Doha há oito dias para as tratativas referentes à guerra na Faixa de Gaza, conforme informou o jornal Times of Israel.
A medida é tomada um dia após a aprovação da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que pede por cessar-fogo imediato no enclave, além da libertação incondicional de todos os reféns e maior acesso humanitário destinado aos palestinos.
Segundo o Times of Israel, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, teria associado a aprovação da resolução da ONU ao “total desinteresse” do Hamas por uma “interrupção de ataques”, já que na noite de segunda-feira (25/03) o grupo palestino rejeitou a última proposta de acordo apresentada por Tel Aviv.
O Hamas emitiu uma nota justificando o rechaço. Segundo o grupo, o texto de Israel não atendia às suas principais demandas e que, portanto, seguiria mantendo seus reféns até que a nação aceitasse um cessar-fogo de caráter permanente, incluindo a retirada de suas tropas militares no enclave e a libertação de todos os reféns palestinos e militantes do grupo.
“O Hamas rejeitou mais uma vez uma proposta de compromisso norte-americana e repetiu suas exigências extremas: uma interrupção imediata da guerra, a retirada completa das Forças de Defesa de Israe] da Faixa de Gaza e a manutenção de sua administração para poder repetir o massacre de 7 de outubro, como prometeu fazer”, acusou o governo israelense, acrescentando que “Israel não cederá às exigências delirantes do Hamas”.
Apesar da promessa do Hamas em libertar todos os reféns caso Israel dê fim integral à guerra, de acordo com o veículo israelense, Tel Aviv reiterou que sua “campanha para destruir as capacidades militares e o Hamas será retomada” mesmo com a implementação de qualquer acordo.
Israel critica EUA
Ainda segundo o Times of Israel, em entrevista a uma rádio local, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, repudiou a abstenção dos Estados Unidos na votação do Conselho da ONU, o que possibilitou a aprovação da resolução que pede cessar-fogo imediato em Gaza.
Katz chamou a decisão norte-americana de “um erro moral e ético” e afirmou que sua nação, agora, “precisará aumentar a pressão militar para provar o seu compromisso em derrubar o Hamas”.
Logo após a abstenção dos Estados Unidos, Netanyahu também cancelou a partida de uma delegação israelense para negociações em Washington sobre seus planos operacionais no sul do enclave, como prometido há dias. Em seguida, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, afirmou que as autoridades norte-americanas ficaram “muito decepcionadas” com a postura israelense.