O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela rebateu, nesta terça-feira (26/03), o comunicado emitido pelo governo brasileiro que pede explicações sobre o “impedimento” da candidata oposicionista Corina Yoris no processo eleitoral do país. A pasta venezuelana classificou a nota do Itamaraty como “intervencionista” e com declarações “carregadas de profundo desconhecimento e ignorância”.
“O governo venezuelano tem mantido uma conduta fiel aos princípios que regem a diplomacia e as relações amistosas com o Brasil, em nenhuma hipótese emite e nem emitirá juízos de valor sobre os processos políticos e judiciais que ocorrem naquele país, consequentemente, tem o moral exigir o mais estrito respeito pelo princípio da não ingerência nos assuntos internos e pela nossa democracia, uma das mais robustas da região”, diz o comunicado.
O governo venezuelano garantiu que o processo eleitoral será realizado “sem intervenção ou tutela de qualquer força estrangeira”.
No entanto, apesar das críticas, a Venezuela elogiou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva por sua posição contrária às sanções impostas pelos Estados Unidos sobre o país.
“O Governo Bolivariano aprecia as expressões de solidariedade do Presidente Lula Da Silva que, direta e inequivocamente, condenou o bloqueio criminoso e as sanções que o governo dos Estados Unidos impôs ilegalmente para prejudicar o nosso povo”, conclui o texto.
Brasil ‘preocupado’ com processo eleitoral da Venezuela
Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil expressou “expectativa e preocupação” em relação ao processo eleitoral na Venezuela.
Em comunicado, a pasta brasileira mencionou o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas, esgotado na noite anterior (25/03), para se referir à candidata indicada pela Plataforma Unitária Democrática, Corina Yoris, que não conseguiu se inscrever por não ter tido acesso à plataforma de inscrições do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Sem citar o acordo de Barbados assinado em outubro de 2023, que tem como objetivo a promoção de diálogo, direitos políticos e garantias eleitorais na Venezuela, o Itamaraty ressaltou que “não pairavam decisões judiciais” sobre a candidata.
Acrescentou que o “impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial” ao argumentar que “onze candidatos ligados a correntes de oposição lograram o registro”, incluindo o atual governador de Zulia que também integra a sigla de Yoris.
Vale lembrar que Yoris foi formalizada como candidata do partido na última sexta-feira (22/03), no lugar de María Corina Machado, que está inabilitada a cargo político no país por 15 anos.
“O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil”, afirma a pasta no comunicado, reiterando “seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo”.