O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou haver indícios “plausíveis” de que Israel esteja usando a fome como arma de guerra na Faixa de Gaza.
Turk analisou que existem “evidências estatísticas claras” de que a catástrofe humanitária no enclave palestino está sendo transformado em uma “fome gerada pelo homem“, apesar de “meses de avisos” sobre o perigo do problema para milhares de civis palestinos.
Em uma entrevista à emissora britânica BBC, o funcionário da ONU revelou que os israelenses estariam cometendo um crime de guerra caso a intenção for comprovada.
Segundo ele, foram reunidos elementos para definir como “plausível” a suspeita de que Israel esteja usando a fome como “arma” de guerra no conflito no Oriente Médio.
“As condições que são colocadas sobre a mesa não são razoáveis diante de uma emergência. Isso coloca uma questão legítima, apesar de todas as restrições do caso, sobre a acusação plausível de que a fome é, ou poderia estar sendo usada como arma de guerra”, afirmou o austríaco.
No início de março, a morte por desnutrição de um palestino de 10 anos em Rafah, na Faixa de Gaza, causou comoção internacional. A imagem do jovem esmaecido e visivelmente abatido circulou na imprensa internacional e deixou evidente a grave crise humanitária na região.
O governo de Benjamin Netanyahu, que continua bombardeando Gaza mesmo após uma resolução de cessar-fogo ser aprovada no Conselho de Segurança da ONU, negou as acusações e definiu tudo isso como um “absurdo”.
Atos genocidas
A situação na Faixa de Gaza também foi criticada pela especialista em direitos humanos da ONU Francesca Albanese.
Segundo a relatora, há “motivos razoáveis” para determinar que Israel está “cometendo o crime de genocídio contra os palestinos”, alertando também para uma “limpeza étnica” na região.
“A natureza e a escala esmagadoras do ataque de Israel a Gaza e as condições destrutivas de vida que ele infligiu revelam uma intenção de destruir fisicamente os palestinos como um grupo”, disse Albanese em um relatório.
Intitulado Anatomia de um Genocídio, o relatório da especialista lista atos de: “matar membros do grupo; causar sérios danos corporais ou mentais aos membros do grupo; e infligir deliberadamente ao grupo condições de vida calculadas para provocar sua destruição física total ou parcial”.
Os ataques israelenses em Gaza já vitimaram 32.552 pessoas, segundo o Ministério da Saúde palestino. O órgão atualizou que 74.980 ficaram feridos por conta dos bombardeios.
(*) Com Ansa.