Atualizado em 09/11/2015, às 6h00
É executado em 9 de novembro de 1848, o líder liberal alemão Robert Blum. Este acontecimento é amiúde visto como o símbolo final do fracasso da Revolução de 1848 na Alemanha.
Blum foi um político democrático alemão, publicista, poeta, editor, revolucionário e membro da Assembleia Nacional de 1848. Em sua luta por uma Alemanha unificada e forte opôs-se ao etnocentrismo. Tinha uma profunda crença que nenhum povo deveria subjugar outro. Em decorrência, criticou acerbamente a invasão da Polônia pela Prússia, mantendo contato com os revolucionários poloneses. Foi também crítico do antisemitismo, defendeu os católicos alemães e lutou pela igualdade dos gêneros. A despeito de sua imunidade diplomática como membro do Parlamento, foi preso ilegalmente durante uma estadia no Hotel Stadt London em Viena e assassinado numa execução sumária, fazendo dele um mártir da revolução germânica.
Wikimedia Commons/Reprodução
Quadro retrata execução de Robert Blum na Áustria
Blum cresceu na pobreza em Colônia, filho de um teólogo que trabalhava como toneleiro. Somente aos dez anos matriculou-se numa escola. Após os estudos primários, trabalhou como artesão em diversas profissões. Fracassou como aprendiz de ouriversaria, porém completou o aprendizado de jardineiro. Após sua passagem como artífice, retornou à Colônia para trabalhar numa fábrica de lamparinas. Seu patrão o colocou para trabalhar como contador uma vez que demonstrou ser bom de cálculos.
Em 1829, acompanhou o patrão a Berlim, onde prosseguiu em sua educação. Seu trabalho foi interrompido pelo serviço militar obrigatório. Quando terminou, suas difíceis circunstâncias o obrigaram a volta à Colônia. Ali, em 1830, serviu numa companhia de teatro o que o estimulou a escrever peças e poesias politicamente motivadas. Quando o teatro cessou as atividades naquele verão, passou a trabalhar para um delegado como escrivão.
A agitação política de 1830 atraiu seu interesse e os ideais de liberdade encontravam eco em suas poesias. Em 1832, acompanhou uma trupe teatral a Leipzig, onde entrou em contato com círculos humanistas e liberais, passando a colaborar com o jornal Zeitung für die elegante Welt. Ingressa na loja maçônica livre da cidade. Em 1840, é contratado para trabalhar na bilheteria do teatro local. Nesse ano descobre a Associação Schiller em Leipzig, que valia-se do aniversário do poeta para levar a cabo um festival em prol da liberdade política.
A partir de 1839, Blum tornou-se figura importante dos círculos nacional-liberais do Reino da Saxônia. Como um talentoso orador e organizador, ajudou a criar um movimento de oposição, consolidando-o como uma força política séria. Sua tentativa inicial como editor foi suprimida pela censura mas em outra teve êxito, apesar de ao longo de quatro anos ter havido lapsos devido à censura. Vinculou-se à Igreja Católica germânica quando Johannes Ronge chegou a Leipzig. Em 1845, organizou o primeiro sínodo católico germânico em Leipzig que marcou o início do movimento religioso e humanista livre da Alemanha. Em 1844, abandonou seu emprego no teatro para fundar uma livraria.
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Em 1845, a presença de Johannes da Saxônia irritou a população e o exército atirou contra ele. Numa turbulenta concentração com estudantes e civis armados em Leipzig, Blum dissuadiu-os de destruir as barracas militares e para agir na conformidade da lei. Como resultado, foi eleito representante no governo da cidade.
Blum apoiou os levantes de 1848. Foi um dos presidentes do Parlamento provisório em Frankfurt em que pontificou com sua energia, imponente figura e discursos concisos. Como líder da esquerda do Parlamento, trabalhou para conter os elementos mais radicais. A confiabilidade de Blum foi questionada quando o extrema-esquerdista Arnold Ruge afirmou que Blum tinha se passado para o seu campo. Como líder da facção liberal radical opôs-se ao Tratado de Malmoe entre Dinamarca e Prússia que derrubou o governo de Schleswig-Holstein, democraticamente eleito. Foi também ardente defensor da soberania popular.
Em outubro, quando a insurreição revolucionária eclodiu em Viena, Blum viajou para lá, juntando-se às forças revolucionárias. Com a rendição da capital às tropas do príncipe da provincial austríaca de Windischgrätz, Blum foi preso junto a outros companheiros em 4 de novembro. Levado diante de um tribunal militar, levantou, em vão, suas prerrogativas como deputado da Dieta germânica, tendo sido condenado à forca, sentença que foi transformada em morte por fuzilamento. Foi executado em 9 de novembro. Sua morte tornou-se símbolo da inutilidade da rebelião germânica de 1848.
O dia de sua morte marca o primeiro de uma série de eventos que levou a que o 9 de novembro seja referido como o Schicksalstag (O dia fatídico).
Também nesta data:
399 a. C. – Morre Sócrates, um dos grandes sábios da Antiguidade
1799 – Napoleão dá o golpe do 18 Brumário
1923 – Hitler tenta, sem sucesso, aplicar golpe de Estado em Munique
1938 – Na 'noite dos cristais', nazistas atacam judeus na Alemanha
1965 – Ex-presidente Juscelino Kubitschek parte para exílio em Nova York
1989 – Cai o muro de Berlim