No dia 1º de maio de 1904, morre em Praga o compositor tcheco Antonín Leopold Dvořák. Não foi um inovador da forma, mas sim um grande pensador da ideia musical. Sabia como criar horas de música cativante. As composições de Dvořák têm estilos muito próprios, com grande riqueza melódica e colorido orquestral.
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Nascido em 8 de setembro de 1841, na Boêmia, deixa a escola aos 11 anos para ser açougueiro como o pai. Contudo, desde cedo a capacidade musical do filho floresce. Em 1853, vai para a casa de um tio em Zlonice, onde aprende alemão e aprimora a educação musical.
É aceito em 1857 na escola de órgão de Praga, onde permanece até 1859. Diplomado, junta-se à Prager Kapelle, uma orquestra de variedades. Em 1862, a Prager Kapelle é anexada à nova orquestra do Teatro provisório de Praga, assim chamado porque aguardava a inauguração do Teatro Nacional de Praga, um teatro de ópera aberto em 1883.
Toca sob a batuta de Bedrich Smetana, Richard Wagner e Mili Balakirev e encontra tempo para compor obras ambiciosas, em especial duas sinfonias em 1865.
Dvorak se demite da orquestra em 1871 para se dedicar à composição. Vive de lições particulares antes de obter um posto de organista na igreja Saint-Adalbert, em 1874.
Um júri vienense reconhece a qualidade de suas composições e lhe outorga uma bolsa que seria renovada ano a ano. Isto lhe permite entrar em contato com Johannes Brahms, que se tornaria seu amigo. “Fico fora de mim de inveja, com as ideias que ocorrem tão naturalmente a esse camarada”, disse Brhams referindo-se a Dvorak. Outros músicos ilustres como os regentes Hans von Bülow e Hans Richter, os violinistas Joseph Joachim e Joseph Hellmesberger e, mais tarde, o Quatuor Tcheco, fariam bastante para a difusão de sua música.
Seu Stabat Mater, Danças Eslavas e diversas outras obras sinfônicas, vocais e de música de câmara o tornam famoso. É convidado a reger suas obras na Inglaterra e na Rússia, por iniciativa de Tchaikovski.
Célebre em todo o mundo musical, dirigiria o Conservatório Nacional de Nova York de 1892 a 1895. A primeira obra composta nos EUA é a Sinfonia do Novo Mundo. O sucesso é fulminante e jamais parou de crescer. Um justo reconhecimento que, no entanto, ofuscou a beleza e a originalidade das outras sinfonias da maturidade.
Sua estada na América do Norte vê nascer outras composições bastante populares, como o 12º Quarteto, em que emprega procedimentos característicos do blues, ou mesmo o célebre Concerto para Violoncelo que concluiu já em solo europeu.
De volta à Boêmia, compõe diversos poemas sinfônicos: A Ondina, A Feiticeira do Meio-dia, A Roda Dourada de Fiar, A pomba do Bosque. Todas obras inspiradas em lendas transcritas para a poesia por Karel Erben. Dvorak inova o gênero inventando um processo de narração musical, fundado na prosódia da língua falada, conhecido como entonações.
Dedica os últimos anos de vida, enquanto dirigia o Conservatório de Praga, à composição de óperas. A mais famosa é Rusalka (1901).
A música de Dvorak é colorida e ritmada. É, ao mesmo tempo, inspirada na herança erudita europeia e influenciada pelo folclore tchecoslovaco e norte-americano. Foi um dos raros exemplos de compositor romântico a abordar, com sucesso, todos os gêneros. Só não compôs para o balé.
3º e 4º movimento da 9ª Sinfonia de Dvorak (“Do novo mundo”), sob regência do maestro alemão Herbert von Karajan.
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