Atualizada em 13/11/2015 às 6h
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Em 13 de novembro de 1907, em Coquainvilliers, perto de Lisieux, na Normandia, Paul Cornu consegue alçar-se pela primeira vez a bordo de um helicóptero. Naquele dia, atingiu a altura de 1,5 metros em voo vertical livre.
A palavra helicóptero foi cunhada em 1861 pelo visconde Ponton d'Amécourt a partir do grego “helix” (espiral) e “pteron” (asa). Entretanto, quatro séculos antes, Leonardo da Vinci já havia pressentido o conceito a julgar pelas centenas de seus croquis.
Louis Breguet, um jovem industrial de 27 anos, concebe a primeira asa giratória. Inspirou-se não em Da Vinci e sim em Julio Verne, que evocou essa técnica em seu romance de ficção científica “Robur, o Conquistador”.
Em 29 de setembro de 1907, faz um primeiro teste no quintal de sua fábrica em Douai, ao lado de seu amigo o professor Charles Richet.
Com Maurice Volumard a bordo, o aparelho, batizado de Gyroplane N°1, dotado de 4 planos de sustentação giratórios de 8,10 metros de diâmetro e de um motor de 50 cavalos, atingiu, com certa dificuldade, a altura vertiginosa de 1,5 metro, tendo quatro técnicos o cuidado de mantê-lo em equilíbrio, o que alterou o alcance do experimento.
Três semanas mais tarde chega a vez de Paul Cornu, um simples mecânico dono de uma pequena empresa normanda.
Seu aparelho tinha uma envergadura de mais de 6 metros. Carregava em cada extremidade um rotor ou hélice com grandes telas horizontais recobertas de seda e 6 metros de diâmetro. Esses rotores eram movimentados por um motor de 24 cavalos.
Após vários ensaios, o aparelho se eleva a 1,5 metro acima do solo em voo vertical livre levando seu piloto e sem ninguém para manter o equilíbrio. Ressalte-se que o irmão de Paul Cornu, que punha o motor em funcionamento, teve de se agarrar ao chassi e subir com o aparelho.
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O helicóptero utilizado por Paul Cornu no primeiro teste bem-sucedido na Normandia
No ano seguinte, Louis Breguet retoma com o Gyroplane N°2, que tinha a vantagem de poder ser dirigido graças a uma asa fixa planante e dois rotores inclinados para a frente. O aparelho se eleva a mais de 4 metros e percorre uma distância de uma centena de metros.
Os helicópteros teriam de esperar alguns anos até poder realmente levantar voo. Foi no final dos anos 1920 que um engenheiro espanhol, Juan de la Cierva, aporta uma melhoria decisiva introduzindo hélices articuladas e voo controlado.
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Os helicópteros provariam sua utilidade no transporte de tropas e em intervenções difíceis a partir de 1942, graças ao industrial norte-americano Igor Sikorski.
Foram maciçamente utilizados durante a Guerra do Vietnã, durante os anos 1970, e os verdadeiros protagonistas do filme “Apocalypse Now”, de Francis Ford Coppola (1979).
Cerca de 80 mil nos dias atuais prestam serviços de ligação entre aeroportos e centro de cidades, nas operações de salvamento e na sustentação logística de militares em operação.
Na fábrica familiar, Louis Breguet se interessou muito cedo pelas máquinas voadoras, estimulado pelo professor Charles Richet, amigo de seu pai. Após uma experiência decepcionante com um helicóptero, volta-se para a construção de aeroplanos.
O sucesso chega em setembro de 1914, no começo da Grande Guerra. Breguet, piloto designado para um campo de trincheiras cerca de Paris, efetua um voo ao curso do qual seu co-piloto e observador, o tenente Watteau, constata uma mudança de direção do exército alemão.
Deixando de arremeter sobre Paris, abre seu flanco à capital. O general Gallieni, governador militar de Paris, vale-se desta fraqueza do inimigo para encaminhar às pressas suas tropas em direção leste. Lança a contra-ofensiva no Marne que iria salvar a França da invasão.
Breguet recebe a cruz de guerra e retorna as suas fábricas com a missão de acelerar a produção de aviões. No começo de 1917 surge o Breguet XIV, avião de reconhecimento e de bombardeio inteiramente metálico, que poderia alcançar a velocidade de 180 km/h. Mais de 8 mil exemplares construídos, equipam as frotas aéreas de diversos aliados, entre eles os Estados Unidos, e, após a guerra, entra na história do Correio Aéreo, com aviões pilotados marcadamente por Mermoz e Saint-Exupéry.
O industrial iria multiplicar as inovações até sua morte em 1955. Suas fábricas são hoje parte integrante do grupo de aviação Marcel Dassault.
Também nesta data:
1887 – Em Londres, polícia reprime protesto de trabalhadores e deixa dois mortos
1953 – Robin Hood é vítima da histeria anticomunista nos EUA
1970 – General Hafez al Assad derruba presidente sírio Nouredine Atassi
1974 – Morre o diretor Vittorio De Sicca, precursor do neo-realismo italiano