Em 29 de agosto de 1907, a ponte de Quebec, que estava em construção, rachou, em acidente que provocou a morte de 75 dos 86 operários que estavam trabalhando no local. Trata-se do maior acidente na história de construção de pontes até hoje registrado.
A estrutura atual, uma das mais modernas do Canadá, une as cidades de Quebec e Lévis, separadas pelo rio São Lourenço, na província do Quebec, no Canadá e é protegida como patrimônio histórico canadense desde 1995. É usada por automóveis, com direito a três faixas, pedestres e até uma linha de transporte sobre trilhos.
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Escombros da tragédia de 1907
Possui 987 metros de extensão, 29 metros de largura e 104 metros de altura. É, mesmo com 106 anos, a maior ponte de consola (projetadas horizontalmente com suporte em apenas um de suas pontas) do mundo.
O histórico da tragédia
Antes de sua construção, a única maneira de viajar da província independente do Quebec até Lévis era através de uma linha de trem ou atravessando o rio congelado no inverno. O projeto de uma ponte que ligasse os dois pontos foi iniciado e deixado de lado por pelo menos vezes em 50 anos, até que o governo federal e provincial iniciou nova empreitada, sofrendo descrença da população e desacordo em relação ao ponto de onde ela deveria ser construída. Acabou-se optando pela região oeste da capital, em Diamond Harbour.
Em 1904, com financiamento federal, a estrutura começava a tomar forma. No entanto, cálculos preliminares feitos na fase inicial do projeto nunca foram devidamente checados, e o peso real da ponte ficou muito além de sua capacidade de carga. Tudo corria bem até o verão de 1908, quando um dos engenheiros do projeto, Norman McLure, percebeu distorções crescentes em estruturas-chave já instaladas.
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McLure escreveu cartas repetidamente ao supervisor, que as desprezava dizendo tratarem-se de “problemas menores”. O mesmo comportamento teve a Phoenix Bridge Company, responsável pela execução da obra. McLure, cada dia mais preocupado, resolveu enviar uma carta para Cooper que estava em Nova York e foi ao seu encontro só no fatídico dia 29 de agosto. Se fizesse feito tudo por telégrafo, teria conseguido paralisar a obra antes de seu colapso, pois obteve sucesso ao convencer Cooper mostrando novas falhas nos eixos.
A mensagem para que os operários parassem de adicionar carga à ponte até nova reavaliação, no entanto, chegou tarde demais em Quebec. Perto do fim do expediente, após quatro anos de obras, o braço sul e parte do setor central ruíram e caíram no rio em uma tragédia de apenas 15 segundos. Dos 86 trabalhadores presentes na estrutura naquele dia, 65 morreram e os demais ficaram feridos. Dessas vítimas, 33 a 35 eram metalúrgicos Mohawk da reserva Kahnawake, próximas a Montreal, dizimando boa parte de uma geração dessas tribos. Os nativos foram enterrados com cruzes de aço.
No dia seguinte, uma comissão real (o Canadá ainda não havia obtido independência do Reino Unido) foi criada pelo governo e um relatório final apresentado em 20 de fevereiro de 1908.
Uma segunda ponte passou a ser construída em seguida e novo acidente, em 11 de setembro de 1916, quando a parte central da ponte estava para ser instalada, caiu no rio matando outros 13 operários. A obra só conseguiu, de fato, ser terminada para uso público em agosto de 1917, e finalmente acabada em agosto de 1919.
Como ensinamento da tragédia, o governo canadense passou a descentralizar mais o comando de suas obras, sem deixar tudo nas mãos de um único engenheiro.
Também nesta data:
212 a.C. – Arquimedes é morto na captura de Siracusa pelos romanos
1533 – Último imperador inca, Atahualpa, é executado por ordem do conquistador espanhol Francisco Pizarro
1885 – Gotlieb Daimler patenteia a primeira motocicleta
1897 – Basileia acolhe o primeiro congresso sionista organizado por Theodor Herzel
1966 – Nos EUA, Beatles realizam último concerto ao vivo
2005 – Furacão Katrina devasta Nova Orleans