Aos 38 anos, em 11 de julho de 1937, morre em Beverly Hills, Califórnia, o compositor e pianista norte-americano George Gerhswin, em consequência de uma delicada operação no cérebro. No começo de 1937, Gerhswin começou a padecer de dor de cabeça, enjoos e desmaios. Em 9 de julho, entrou em estado de coma com diagnóstico de tumor cerebral. O talentoso músico, autor de clássicos como “An American in Paris” nunca mais acordou, silenciaando assim, prematuramente, uma das vozes musicais mais frescas e criativas de sua época. O romancista John O’Hara resumiu a comoção de muita gente que se recusava a crer que Gershwin tinha morrido quando disse “Se eu não quiser não acreditarei que tenha morrido”.
Nascido no Brooklyn, Nova York em 26 de setembro de 1898 como Jacob Gershovitz, numa familia de imigrantes judeus russos, Gershwin teve uma formação musical irregular e difícil, devido às dificuldades financeiras de sua infância. Somente sua vocação e seu indiscutível talento lhe permitiram superar os obstáculos para converter-se num destacado representante da música norte-americana.
Sua arte se manifestou ainda cedo quando, mediante uma voluntariosa aprendizagem autodidata, desenvolveu a habilidade sob o piano. Seu pai decidiu colocar o garoto para estudar com o professor Charles Hambitzer, quem lhe desvelou o mundo sonoro de Franz Liszt, Frederic Chopin ou Claude Debussy. As referências de Gershwin naqueles primeiros anos foram Irving Berlin e Jerome Kern, compositores da Broadway à época. Seu grande sonho era triunfar como compositor nas salas de concertó.
Gershwin começou profissionalmente com música na Editorial J.A. Remick, como assessor técnico de canções e música ligeira. Entusiasmado com ese trabalho, decide compor suas próprias canções com letras de seu irmão Ira, algumas das quais conseguiram certa popularidade, o que lhe valeu a oportunidade de escrever seu primeiro musical para a Broadway, “La, la, Lucille”.
A partir desse momento, sua atividada não cessaria e seu nome se veria ligado ao grupo de compositores que fizeram da comédia musical e da música ligeira uma expressão notável pelo excelente ofício e funcionalidade com que foram abordadas.
No entanto, Gershwin jamais se conformou com o simples entretenimento. Essa foi a razão por ter preferido as grandes formas orquestrais com a audacia própria, que lhe permitiu a seu talento brilhante, sério e intuitivo, alcançar pela primeira vez em 1924 com sua Rhapsody in blue um grande espetáculo.
NULL
NULL
Em um país que até o final da Primeira Guerra Mundial havia dependido no âmbito musical quase exclusivamente de modas, compositores e intérpretes vindos da Europa, Gershwin foi o primeiro em fazer ouvir uma voz inequivocamente autóctone, se bem que capaz ao mesmo tempo de conquistar êxito fora das fronteiras de seu país. E o fez por meio de obras em que habilmente se sintetizam elementos provenientes do jazz e da tradição clássica e que lhe permitiram destacar por igual em campos tão díspares como o da música sinfônica e a popular.
O sucesso não fez Gershwin esquecer suas numerosas lacunas técnicas, pelo que prosseguiu em seus estudos musicais com a intenção de enriquecer o estilo e abordar metas mais audaciosas.
Conta-se que Gershwin tentou ser aluno de Ígor Stravinski que lhe perguntou: “Quanto dinheiro você ganhou no ano pasado?”. “200 mil dólares”, respondeu o jovem Gershwin. “Então sou eu que debe ter aulas com você!”, disse o maestro. Ravel se negou a lhe dar aulas, argumentando “Você perderia sua grande espontaneidade melódica para compor num mau estilo raveliano. Para que você quer ser um Ravel de segunda, quando pode ser um Gershwin de primeira?”.