Agência Efe
Argélia feliz com sucesso da seleção: país só se tornou independente na década de 60
Em 5 de julho de 1962, a Argélia é proclamada independente após 132 anos de colonização francesa – que teve início em 14 de junho de 1830 com o desembarque de forças francesas na costa de Sidi Fredj.
Depois da assinatura dos Acordos de Evian em 18 de março de 1962 e a declaração de cessar-fogo no dia seguinte, foram necessários 4 meses para que a Argélia conquistasse totalmente sua independência.
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A Guerra de Independência argelina ou “Guerra de Libertação Nacional” foi um conflito que se estendeu de 1954 a 1962. O Massacre de 5 de Julho ou Massacre de Orã teve lugar em Orã, cidade argelina, em 5 de julho de 1962, 4 meses após o cessar-fogo, dois dias após o reconhecimento oficial da independência e, na verdade, algumas horas antes de sua proclamação.
Houve um confronto entre civis europeus e nativos muçulmanos, quando elementos armados do Exército de Libertação Nacional intervieram. Foram contadas centenas de mortos entre os europeus e um número incalculável de muçulmanos. O exército francês só interveio algumas horas mais tarde.
A Guerra de independência e de descolonização opôs nacionalistas argelinos, reunidos em torno da Frente de Libertação Nacional (FLN), à França e ao colonizador francês. Era a um só tempo um duplo conflito militar e diplomático e também uma dupla guerra civil, entres as comunidades de um lado e no interior das comunidades de outro. Teve lugar principalmente sobre o território da Argélia porém com importantes repercussões na França metropolitana.
Acarretou graves crises políticas na França, tendo por consequência o retorno ao poder de Charles de Gaulle e a Queda da IV República, substituída em seguida pela V República.
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Depois de ter dado tempo ao exército para esmagar definitivamente a revolta, utilizando todos os meios a sua disposição, inclusive a tortura planificada, De Gaulle inclina-se finalmente pela autodeterminação como única saída possível ao conflito, o que levou uma fração do exército francês a se rebelar e entrar em oposição aberta com o poder, rapidamente reprimida.
O conflito desemboca nos Acordos de Evian e na independência argelina e precipita o êxodo da população europeia da Argélia, conhecida como pés-negros bem como o massacre de dezenas de milhares de harkis – muçulmanos argelinos que preferiram integrar o exército francês contra a FLN.
O termo oficialmente empregado pela França à época era “acontecimentos da Argélia”, embora a expressão “guerra da Argélia” tivesse curso corrente. A expressão “Guerra da Argélia” foi oficialmente adotada somente em 18 de outubro de 1999.
A Guerra da Argélia fez parte do movimento de descolonização que afetou os impérios ocidentais após a Segunda Guerra Mundial e se inscreveu nos quadros do combate anti-imperialista.
Opôs principalmente de um lado o exército francês, coabitando com tropas de elite dos paraquedistas e da Legião Estrangeira, ‘goums’ marroquinos (até sua dissolução em abril de 1956), forças de manutenção da ordem, conscritos de contingentes indígenas (harkis e moghazinis) contra o Exército de Libertação Nacional (ALN), braço armado da Frente de Libertação Nacional (FLN) na origem da insurreição.
Entre 1952 e 1962, 1.343.000 convocados e 407 mil militares da ativa foram enviados para a Argélia. Perto de 180 mil muçulmanos argelinos também combateram do lado francês, se bem que outro números, inflados, foram alardeados para fins de propaganda.
O conflito se dividiu numa guerra civil e ideológica no interior das duas comunidades, dando lugar a ondas sucessivas de atentados, assassinatos e massacres nas duas margens do Mediterrâneo. Do lado argelino, se traduziu numa luta pelo poder que assistiu à vitória da FLN sobre os partidos argelinos rivais, notadamente o Movimento Nacional Argelino (MNA) e por uma campanha de repressão contra os argelinos pro-franceses que sustentavam a anexação da Argélia à França.
Suscitou no lado francês o confronto entre uma minoria ativa hostil ao prosseguimento da guerra (liberais da Argélia, movimento pacifista), uma outra corrente, esta mais numerosa, favorável à independência (Partido Comunista Argelino, os “carregadores de mala” da Rede Jeanson), e uma terceira corrente, querendo a manutenção da “Argélia Francesa” (Frente Argélia Francesa, Jovem Nação e Organização Armada Secreta – OAS)..
Segundo o historiador Guy Pervillé, o número de argelinos engajados nuim e noutro campo – partidários da presença francesa e Frente de Libertação Nacional – seria da mesma ordem de grandeza.
A Guerra da Argélia terminou com o reconhecimento da independência da Argélia em 3 de julho de 1962 quando da alocução televisionada do general De Gaulle, em seguida ao referendo de autodeterminação de 1º de julho previsto pelos Acordos de Evian de 18 de março de 1962, com o nascimento da República argelina democrática e popular em 25 de setembro de 1962 e com o êxodo de uma grande parte dos “Pieds-Noirs”, cerca de um milhão.