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Pau Casals, violoncelista primoroso, maestro e compositor espanhol, morre em 22 de outubro de 1973, em Porto Rico, aos 97 anos. Os restos mortais do músico descansam em sua cidade natal, a pequena Vendrell, na Catalunha.
O nome de Pau Casals (também conhecido como pablo) está indissoluvelmente ligado a um instrumento musical, o violoncelo. Não obstante, foi mais que um prodigioso violoncelista: bom pianista, além de regente de orquestra e apreciável compositor. Soube conciliar a tradição virtuosa do Romantismo com um crescente respeito à partitura. Mais ainda, em seu caso talvez seja mais importante o fato que sua grande dimensão como intérprete se mostrasse correspondida com sua alta qualidade humana, representada por seu incansável labor em prol da democracia, das liberdades, dos direitos dos povos, dos direitos humanos e da paz entre as nações.
Casals nasceu em 29 de dezembro de 1876, filho de mãe portorriquenha e pai espanhol. Recebeu suas primeiras lições musicais do pai, modesto organista e professor de música da paróquia de Vendrell. Aos 11 anos ingressou na Escola Municipal de Música de Barcelona, quando ouviu pela primeira vez o som de um violoncelo. A partir desse momento não teve qualquer dúvida sobre sua vocação. Passa então a estudar o instrumento formalmente.
Mais tarde, trabalhou tocando o instrumento no Café Tost, no bairro de Gracia. Certo dia aconteceu a chance de ser ouvido pelo consagrado compositor Isaac Albeniz. O compositor, impressionado pelo talento do jovem músico, o recomendou ao conde Murphy, secretário do rei Alfonso XII e conselheiro da regente Maria Cristina, conseguindo que ambos os monarcas patrocinassem os estudos de Pablo com os mais importantes maestros do país.
Depois de estudar em Barcelona e Madri, em 1899 o músico se muda para Paris, cidade onde o esperava o maestro Charles Lamoureux, quem o apresentou em concerto com sua orquestra. Dessa forma, deu início a uma brilhante trajetória como solista internacional.
Em 1914 juntou-se ao pianista Alfred Cortot e ao violinista Jacques Thibaud com quem fundou a Escola Normal de Música em Paris. Nessa época Casals, considerado ademais como um notável diretor de orquestra, fundou e dirigiu também a Orquestra Pau Casals em Barcelona.
Sua extraordinária concepção do fraseado, aliado a uma perfeita afinação e prodigiosa técnica, o fizeram triunfar diante dos auditórios mais exigentes, como os de Londres, Viena, Nova York e Paris, ao lado das mais prestigiosas orquestras, batutas e intérpretes. Com Thibaud e Cortot, constituiu durante largo tempo um trio de câmara místico.
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Posteriormente, durante a Guerra Civil Espanhola, o violoncelista se exilou em Padres, França. A derrota da causa republicana na guerra civil, à qual havia aderido, o obrigou a permanecer no exílio por largo tempo.
Ao terminar a guerra Casals, inconformado com o governo do general Francisco Franco, decidiu retirar-se do ambiente musical. Em 1950, no entanto, regressou ao mundo musical em homenagem ao bicentenário da morte do compositor Johann Sebastian Bach, a quem admirava profundamente. Em seguida, organizou o Festival Padres, onde reuniu os artistas mais afamados do planeta.
Casals viajou pela primeira vez a Porto Rico em 1955. No ano seguinte fundou em solo portorriquenho o Festival Casals, o qual, até os dias atuais, se mantém como uma das atividades culturais mais relevantes do país. Em 1960, Casals, que se casara com a portorriquenha Marta Montañez, erigiu o Conservatório de Música de Porto Rico, onde deu início ao desenvolvimento da conhecida “Escola Casals” para execução do violoncelo.
Um ano mais tarde, depois de um especial convite do presidente John F. Kennedy, Casals visitou pela segunda vez a Casa Branca. Em 1963 apresentou seu oratório “O Presépio” ante a Fundação das Nações Unidas que naquele ano comemorava seu 18º aniversário.
O maestro, cuja vida e obra se pode apreciar no Museu Pablo Casals na parte velha de San Juan de Porto Rico, foi anfitrião de figuras do mundo artístico catalão, entre eles o cantautor Joan Manuel Serrat, talvez um dos mais notáveis.
De sua produção como compositor cabe destacar o oratório “O Presépio” (1960), o “Hino às Nações Unidas”(1971) e, sobretudo, “El cant dels ocells” (O Canto dos Pássaros), uma emotiva peça em que o compositor recolhe um tema popular catalão para a linha melódica central.
Também nessa data:
1721 – Pedro I assume o título de “Czar de toda a Rússia”
1906 – Ponte entre impressionismo e cubismo, Paul Cézanne morre na França
1946 – Regime ditatorial de Salazar cria a PIDE (Polícia Internacional em Defesa do Estado)
1955 – República do Vietnã do Sul declara independência
1964 – Jean-Paul Sartre ganha Nobel de Literatura