O pianista e compositor Franz Liszt falece em Bayreuth em 31 de julho de 1886. De origem húngara, foi um importante representante do romantismo, para o qual contribuiu com obras para piano e poemas sinfônicos. Fez transcrições para piano de obras de Paganini com estudos de execução transcendente, compôs Meditações Poéticas e Religiosas sobre poesia de Lamartine e foi próximo de Richard Wagner.
Liszt era respeitado pelo seu virtuosismo e admirado pelos compositores e interpretes de toda a Europa, em especial por suas exuberantes transcrições tanto das operas quanto das sinfonias de seu tempo, além das “lieder” de Schubert e Schumann.
Quem foi Franz Liszt?
Liszt nasceu em 22 de outubro de 1811, no lugarejo Doborján, na Hungria. Exibia um incrível talento desde pequeno, lendo à primeira vista as mais diversas partituras. Recebeu, aos 6 anos, as primeiras aulas com seu pai, Adam Liszt e foi aí que aristocratas locais perceberam seu dom e o enviaram a Viena e depois Paris para aprimorar os estudos.
Em Viena, foi educado no domínio da técnica pelo eminente professor Carl Czerny e na técnica de composição pelo maestro Antonio Salieri. Vivendo em Paris, Liszt e Chopin se tornaram amigos. Entretanto, mais tarde, devido à feroz competição por melhores composições, tornaram-se rivais.
Em 13 de abril de 1823, aos 11 anos, Liszt deu um concerto, sobre o qual comenta-se que o próprio Beethoven, então com 53 anos, teria lhe dado um beijo por sua maravilhosa execução. Um relato mais razoável do carinho de Beethoven da cena é contado nas reminiscências da pianista Ilka Horovitz-Barnay da boca do próprio Liszt:
“Era de manhã quando ingressamos na Schwarzspanierhaus, onde Beethoven vivia. Eu estava um pouco constrangido, mas meu professor Carl Czerny me encorajou. Beethoven estava sentado à janela, escrevendo sobre uma mesa longa e estreita. Czerny disse para eu ir ao piano. Toquei uma pequena peça de Ferdinand Ries.
Quando terminei, Beethoven perguntou-me se podia tocar uma fuga de Bach. Escolhi a fuga em dó menor do Cravo Bem Temperado, “Você é capaz de transpor essa fuga?” perguntou Beethoven.
Afortunadamente, podia. De repente, um leve sorriso assomou o rosto geralmente sério do maestro. Aproximou-se de mim e acariciou minha cabeça com afeto. A coragem veio à tona: “Posso tocar uma de suas peças?”, audacioso perguntei. Beethoven assentiu com um sorriso.
Toquei o 1º Movimento do Concerto para Piano nº 1 em dó maior. Quando terminei, Beethoven estreitou-me em seus braços, beijou-me na testa e disse com voz suave: ‘Vá em frente. Será seu destino trazer alegria e deleite a muita gente e esta é a maior felicidade que alguém pode alcançar. Foi o momento mais glorioso de minha vida – o início de minha vida como artista”.
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Pianista Franz Liszt teve afinidade com a música desde cedo
Liszt deixou Viena em 1823 e viajou a Paris. Lá assistiu a um recital de Paganini e, deslumbrado, decidiu tornar-se o maior pianista de seu tempo. Em 1832, escreveu a Grande Fantaisie de Bravoure sur la Clochette de Paganini, conhecida como La Campanella. Nesse período Compôs também os 12 Estudos Transcedentais.
De 1835 a 1839, Liszt viveu com Marie Sophie de Flavigny, ex-mulher do Conde d’Agoult, com quem teve três filhos. Em 1847, Liszt conheceu a princesa Carolina Sayn-Wittgenstein e com ela viveu até a morte.
Em 1848, passou a morar em Weimar, lá permanecendo até 1861. Durante este período deu aulas a inúmeros pianistas, entre eles o grande virtuose Hans von Bülow, que se casou com sua filha, Cosima.
As composições pertencentes a esse período incluem dois Concertos para Piano em mi bemol e em dó, a Dança Macabra, o Concerto Patético para 2 Pianos, quinze Rapsódias Húngaras, 12 Poemas Sinfônicos, Sinfonia dedicada à Divina Comédia, de Dante, entre outras.
Liszt foi para Roma em 1861, ingressando na Ordem dos Franciscanos em 1865. De 1869 em diante, o abade Liszt dividiu seu tempo entre Roma e Weimar. Seu relacionamento com Wagner tornou-se mais tenso. Cosima deixou Bülow para se casar com Wagner em 1869. O devoto católico era pessoalmente rejeitado pelo genro. Não obstante, continuou a frequentar os festivais criados por Wagner em Bayreuth, onde viria a falecer.
Como pianista, Liszt manteve um alto virtuosismo e a maioria de suas composições reflete esta condição. Em seus trabalhos mais populares e avançados mostrou-se como arquétipo de compositor romântico. Liszt foi pioneiro na técnica de transformação temática, um método evolutivo relacionado tanto com a anterior técnica de variações quanto ao uso posterior dos ‘leitmotiv’.
Enquanto as obras nacionalistas húngaras são amplamente reconhecidas, sua compreensão da forma, expressão e uso do virtuosismo para efeito musical é mais ressaltada. A obra-prima Anos de Peregrinação inclui suas mais incitantes e comovedoras peças que vão da pura técnica virtuosística da Tempestade Suíça às sutis e imaginativas visualizações das obras de Michelangelo e Raphael.