Em 19 de março de 1882, é iniciada a construção de uma nova igreja em Barcelona, Espanha. Nada de extraordinário a priori, porém o projeto iria evoluir e assumir uma amplitude inesperada com a chegada de um jovem arquiteto visionário, Antoni Gaudí.
A Sagrada Família, eterno canteiro de obras, se tornaria o símbolo mais esplendoroso de Barcelona e da Catalunha. Quanto a Antoni Gaudí, se desenvolveu na Art Nouveau, um dos últimos movimentos artísticos pan-europeus que se expandiu na virada do século XIX para o século XX.
O monumento mais visitado de Barcelona e talvez de toda a Espanha é uma obra ainda inacabada, o Templo Expiatório da Sagrada Família. A construção desta basílica católica, dedicada à Sagrada Família, fruto de iniciativa de uma associação de devotos de São José. Ela é financiada unicamente pelo dinheiro voluntário dos visitantes e a generosidade dos fieis.
Gaudí, então com 31 anos, aparece como um arquiteto de novas concepções plásticas ligado ao modernismo catalão, a variante local da Art Nouveau. Rompendo com o academicismo, promoveu referências fartas à natureza, em particular ao meio ambiente marinho, com motivos decorativos e estruturas todas as curvas e em cores. Era conhecido por fazer extenso uso do arco parabólico catenário.
A exemplo do conjunto da Art Nouveau, a arte de Gaudí está impregnada pela louvação à vida, pelo mistério da natureza e pela alegria generalizada. Pode-se apreciá-la por intermédio de numerosas realizações arquitetônicas que compõem a beleza de Barcelona. Todas em formas arredondadas, elas excluem a linha reta e angular, o que lhes confere uma doçura infinita e uma grande humanidade, em contraposição às construções frias e sem alma do final do século XX.
A Sagrada Família define-se por um edifício de proporções bastante grandes, com uma nave de 90 metros de comprimento, encimada por 18 torres, dedicadas aos doze apóstolos, os quatro evangelistas e a Santa Família: José, Maria e Jesus. A torre mais alta, que representa o Cristo, atinge 170 metros de altura.
Flickr/Recuerdos de Pandora
Construção da igreja Sagrada Família em 1915
Cada canto da basílica está impregnada de símbolos religiosos, na sua estrutura e em seus elementos decorativos, tanto exteriores quanto interiores. Conta, por exemplo, com três fachadas que representam a Natividade, a Paixão e a Glória ou a Ressurreição de Cristo.
O arquiteto, católico fervoroso, rapidamente percebeu a amplitude e complexidade da obra e compreendeu que ela só estaria concluída bem após a sua morte. Desse modo, mandou erguer primeiramente as torres a fim de que jamais fossem postas em causa, deixando para depois a cobertura da nave.
Atropelado por um bonde em 10 de junho de 1926, é levado ao Hospital da Santa Cruz e falece pouco depois, rodeado de seus colaboradores e amigos. Foi enterrado na capela da Virgem del Carmen, na cripta da Sagrada Família, à qual dedicou a maior parte de seu gênio. Os trabalhos prosseguiram sob a direção de seus discípulos.
Todavia, em 1997, os admiradores de Gaudi foram surpreendidos e manifestaram sua indignação pelo fato de que a fachada da Paixão estava sendo decorada com esculturas todas em ângulos vivos e pontudos, exatamente oposto à suavidade do mestre.
A nave, hoje coberta, foi consagrada pelo papa Bento XVI em 7 de novembro de 2010. O conjunto da obra poderá estar definitivamente encerrada em 2026, por ocasião do centenário da morte de Gaudi. Seria a ocasião propícia para beatificá-lo, visto que no Vaticano está em andamento o processo de beatificação de Gaudí.
Também nesta data
1314 – O último Grande Mestre Templário, Jacques de Molay, é queimado vivo por ordem do rei Filipe o Belo
1563 – Paz de Amboise põe fim à primeira guerra entre católicos e protestantes
1853 – Rebeldes Taiping ocupam Nanquim, na China
1944 – Subhas Bose ataca seu país para livrar-se da colonização britânica
1945 – General Friedrich Fromm é executado por conspirar contra Hitler